Desde que descobriu que a dança é sua paixão, Bety como é conhecida, tem brilhado nos palcos com a sua criatividade. Numa entrevista ao Expresso das Ilhas, Bety fala da sua carreira no mundo da dança.
“Desde muito pequenina gostava de dançar, vivia em São Vicente e na época do Carnaval via os ensaios do grupo carnavalesco “Os Africanos”, que ensaiavam no quintal da casa onde vivia, e sentia muita vontade de dançar. Admirava as coreografias dos grupos, aprendia as coreografias às escondidas. Só não podia desfilar, mas o gostinho pela dança foi crescendo cada vez mais”, conta.
E este ano, a bailarina completa 30 anos de carreira e de muito aprendizado, com vários trabalhos apresentados no país e não só. Bety é uma das bailarinas da companhia de dança Raiz di Polon desde início da sua fundação e ainda hoje é um dos rostos do grupo.
Bety conta que a dança já lhe deu muita alegria, apesar de não ser reconhecida juridicamente como uma profissão.
“Muita alegria, profissionalismo, muito aprendizado com a dança. Posso fazer muito mais, não só estar num palco a apresentar um espetáculo como ter a oportunidade de fazer um trabalho social e usá-lo como instrumento de educação, sensibilizar, passar valores e ajudar no desenvolvimento do meu país. Através da dança tive a oportunidade de conhecer muitos países, muitas culturas diferentes e conheci muita gente bonita. Aprendi que devemos acreditar nos nossos sonhos”.
Por outro lado, a bailarina confessa que com a chegada da crise mundial tornou-se mais difícil o seu trabalho e em Cabo Verde ficou ainda mais arriscado.
Peças
Bety já fez muitos trabalhos como bailarina “já perdi a conta, muitos espetáculos, mais de 40 países em quatro continentes”.
“Na companhia Raiz di Polon tive a sorte de fazer muito trabalho e com muito profissionalismo para conseguir viver muito cedo só da dança. No estrangeiro conseguirmos vender muitos espectáculos e ter um cachê digno”, indica.
Como bailarina disse que teve muitas experiências marcantes na sua carreira. “O primeiro espetáculo de Raiz di Polon, prêmio especial do júri que me deu a oportunidade de fazer uma tournê por 17 países da África e que me fez sentir orgulhosa de ser africana apesar de me sentir cidadã do mundo”.
“Actuar grávida fez-me sentir abençoada, visitar a casa de Nelson Mandela, eu e uma bailarina sul-africana sermos a primeira professora negra a dar aulas numa universidade em Barcelona é ter orgulho e acreditar no crescimento e na transformação”, acrescenta.
A bailarina revela que o seu sonho é ter um espaço digno para dança com condições, salas de ensaios, de espetáculo, onde possa fazer residências artísticas e concretizar a sua pesquisa na dança.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1010 de 7 de Abril de 2021.