Segundo a cantora, o single “Comberso cu Distino”, está a ter uma reacção muito positiva das pessoas e nele consta um dueto com o jovem artista Moreno de Santa Cruz.
“A reacção das pessoas tem sido muito boa, tenho recebido muitas mensagens a dizer que a música é muito forte”.
Depois de estrear como compositora no seu segundo álbum “Badia di Fogo”, a cantora não quer parar, pois conta que a inspiração não lhe tem faltado.
No momento, não está a pensar fazer nenhum álbum. “É uma música que surgiu para uma vida para cruzar pessoas. Hoje estou feliz, estou numa fase em que estou a escrever muito, cada dia escrevo uma coisa”.
A cantora foguense revelou que, de momento, não tenho nenhum projecto discográfico e que quer focar mais em escrever e dar para os outros artistas cantarem. “Acho que tinha que entrar na música para partilhar alguma experiência de vida, para ajudar as mulheres, e acredito que todos temos chance, o mais importante é não desistir”.
Além deste single, Neuza de Pina informou que Moreno vai gravar três músicas suas. “Tenho músicas gravadas e, no mês de Junho ou Julho, posso fazer o lançamento de mais singles. Como Cabo Verde está em estado de calamidade, achei que não é momento oportuno para lançar CD”.
Pandemia
Neuza de Pina garantiu que a pandemia afectou muito o seu trabalho como artista. “2020 seria um ano cheio. Tudo começou bem, mas com a COVID-19 começou-se a cancelar tudo e vi que tudo aquilo que sonhei estava a retroceder”.
E foi a partir daí que a cantora resolveu fazer outras coisas para ocupar a sua cabeça para não pensar nessa crise. “Decidi focar em outras coisas, aproveitei para escrever e criar projectos, pois vivo num país (Estados Unidos da América) de muitas oportunidades. Neste momento estou a estudar, também estou a gerir uma fundação, onde trabalho com crianças cujo os pais têm câncer”.
Além disso, criou uma marca que se chama “Flor di Bila”, com o objectivo de ajudar as mulheres cabo-verdianas a terem o seu próprios sustento, para não depender dos homens.
“Estou a levar essa pandemia de uma forma diferente, estou a ajudar os outros e a fazer algo para ocupar a minha cabeça, porque não é fácil ficar longe do palco, pois para nós os artistas a nossa vida é estar no palco”, sublinha.
Por outro lado, afirma que tem colegas artistas que estão a passar por algumas dificuldades. “Acredito que há artistas que ficaram com algum tipo de perturbação por causa da COVID-19, porque é complicado ficar longe daquilo que se gosta”.
Mas afirmou que tentou driblar esta pandemia de uma forma diferente para não pensar muito, porque o facto de ficar longe do palco é desolador. “Tinha fé que íamos voltar logo no início de 2021, mas já vi que esse vírus veio para nos destruir, já estamos praticamente na metade do ano e ainda estamos com esta complicação. Acredito que, com Deus vai melhorar e se cada um fizer a sua parte, vamos conseguir”.
Neusa de Pina nasceu na cidade da Praia e, aos 24 anos, a trabalhar num restaurante da Praia, despertou o interesse de colegas e de quantos a escutavam, insistindo que usasse o microfone e cantasse para o público.
Em 2013, lançou o seu primeiro trabalho “Flôr di Bila”, que teve sucesso no país e na Diáspora e revelou os segredos dos ritmos da ilha do Fogo, como “talaia baxo”, o “rabolo” ou o “samba”.
Em 2018, lançou o seu segundo álbum “Badia di Fogo”, onde fez estreia como compositora. “Badia di Fogo” conta com 10 faixas, sendo nove músicas inéditas, quatro de sua autoria e uma já gravada por Ramiro Mendes, os arranjos musicais estiveram a cargo de Kaku Alves e contou com a participação de artistas como Michel Montrond, Kaly e Totinho.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1017 de 26 de Maio de 2021.