Prémios literários em Cabo Verde têm vida efémera

PorDulcina Mendes,28 ago 2021 9:44

Nos últimos anos têm surgido alguns prémios literários em Cabo Verde, por iniciativa institucional pública ou mesmo privada. No entanto, muito desses prémios não têm tido continuidade e desaparecem depois de duas ou três edições.

Segundo o presidente do Júri do prémio literário Arnaldo França, Manuel Brito-Semedo, isso deve-se à falta de políticas públicas no domínio do livro e das edições.

“Tem ficado mais pela intenção do que propriamente pela efectivação. Isso talvez se deva à sua efemeridade, ou seja, nunca mais de três edições, por razões várias, sobretudo financeiras”, assegura.

Manuel Brito-Semedo deu como exemplo o prémio literário Infanto-juvenil “Orlanda Amarílis”, instituído pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas em parceria com a Academia Cabo-verdiana de Letras, em 2016, cuja premiação incluía a edição do livro vencedor. Realizou-se uma primeira edição, mas o livro não chegou a ser editado e o Prémio não teve continuidade.

Igualmente, “O prémio literário O Livro do Ano – “Mário Fonseca”, instituído pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, em parceria com a Academia Cabo-verdiana de Letras, também em 2016. O concurso chegou a ser lançado, mas nunca se efectivou”, indicou.

E o prémio Corsino Fortes – Prémio BCA de literatura, promovido pelo BCA em parceria com a Academia Cabo-verdiana de Letras visava galardoar uma obra inédita de um autor cabo-verdiano, no domínio da Literatura. Criado em 2016, teve apenas duas edições, 2016 e 2018.

Conforme Manuel Brito-Semedo, o prémio literário Arnaldo França, criado em 2018, éo único que ainda resiste, contando já com três edições. “É nosso sincero desejo que tenha vida longa”.

Criado pela Imprensa Nacional de Cabo Verde (INCV), e pela Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM), de Portugal, o prémio Arnaldo França tem como propósito “a promoção da língua portuguesa e do talento literário em Cabo Verde, bem como homenagear a destacada figura da literatura e cultura cabo-verdiana, Arnaldo França”.

Para o Presidente do Júri do prémio literário Arnaldo França, este é um prémio que privilegia a Prosa, “mas ouso lançar o desafio para que seja estendido à Poesia e ao Ensaio, talvez de forma rotativa, a exemplo do Prémio Imprensa Nacional/Vasco Graça Moura, criado em 2015 pela Imprensa Nacional Casa da Moeda”.

4ª Edição do prémio literário Arnaldo França

Na terça-feira, 24, fez-se a apresentação das obras distinguidas com o prémio literário Arnaldo França da 2ª e 3ª edições. Na ocasião, foi anunciado a abertura da 4ª edição do prémio. Na 2ª edição venceu a obra “Contos em Cabo Verde” de Benvindo Gomes Semedo e na 3ª edição “Sul 1” de Jorge Octávio Soares Silva.

De acordo com o regulamento, podem concorrer ao Prémio Literário Arnaldo França, no valor de 550 contos (cinco mil euros), todos os cidadãos cabo-verdianos, residentes em Cabo Verde ou no estrangeiro ou residentes em Cabo Verde há mais de cinco anos.

As obras candidatas devem ser textos inéditos de prosa literária, redigidos em língua portuguesa que não tenham sido apresentados em nenhum outro concurso e entregues entre 24 de Agosto e 29 de Outubro de 2021.

A decisão do júri será divulgada até 17 de Dezembro nos sítios institucionais da INCM (www.incm.pt e www.imprensanacional.pt) e da INCV (www.incv.cv). 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1030 de 25 de Agosto de 2021.

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Autoria:Dulcina Mendes,28 ago 2021 9:44

Editado porAntónio Monteiro  em  30 ago 2021 10:42

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