Miguel Garcia é um jovem produtor e agente cultural que esteve sexta-feira passada na Praia a acompanhar, enquanto manager, o artista James dos Reis num espectáculo no Palácio Ildo Lobo. Uma das vozes revelação do ano, James dos Reis foi um dos convidados especiais da XI edição da Gala Cabo Verde Music Awards (CVMA) que decorreu recentemente, na Cidade da Praia.
Além desta nova estrela da música cabo-verdiana, é também manager de algumas destacadas figuras da música portuguesa como Fábia Rebordão (fado, sobrinha neta da Amália Rodrigues), Maura Airez e Sérgio Onze (ambos Fado), Daikiri (Trap), Miguel Valle (Pop), Fauzer (música sertaneja pop) e Gabe Silva (Pop/R&B)
Miguel Garcia veio pela primeira vez a Cabo Verde como manager do artista Dino d’Santiago e em 2020 abriu o escritório da sua agência Lisboa/Amsterdam.
Em conversa com o Expresso das Ilhas, durante a sua curta estadia na Cidade da Praia, Miguel Garcia anunciou que a sua agência vai lançar a maior plataforma musical de ligação entre a Europa e África através de Portugal e Cabo-Verde com a colocação em Cabo Verde da editora VIBRA MUSIC e da plataforma digital VIBRA MUSIC.
Festival - Morabeza Summer Fest e Morabeza & Saudade
Dos projectos em carteira o produtor destaca a realização do Festival - Morabeza Summer Fest (em Julho de 2023) com o qual pretende revolucionar os espectáculos e festivais em Cabo Verde.
Já no próximo mês de Março de 2023 a sua agência vai apresentar o festival Morabeza & Saudade que junta a Morna e o Fado, ambos Património Mundial.
Também para o próximo ano (mês de Abril) está prevista a estreia de um documentário sobre os géneros Funaná, Batuko e Kola Sanjon.
"É também uma perspectiva de haver uma maior ligação entre Portugal e Cabo Verde. Eu não sei se têm a noção, mas hoje os artistas cabo-verdianos têm um espaço cimeiro na música portuguesa. São muitos os artistas que já fazem de Portugal uma nova ilha”.
Nesta linha de ideias Miguel Garcia justifica a sua aposta no cantar Dino d’Santiago de quem foi manager no princípio de carreira.
“O Dino não é só um cantor. Na minha opinião é um contador de histórias. Tem conseguido de alguma forma criar uma certa unificação dos artistas cabo-verdianos em Portugal e tem levado um pouco da cultura cabo-verdiana para Portugal. Acho que há um pouco da influência do Dino, não no sentido da música, porque já se fazia muito boa música antes como é óbvio. O Bana, a Cesária, a Titina e já reconhecíamos Cabo Verde como um grande produtor de talentos, mas o Dino veio trazer uma leveza na comunicação que é um trabalho de grande mérito”, realça, acrescentando, entretanto,
que enquanto manager e agente seguem hoje caminhos diferentes.
Projecto para incluir Cabo-Verde como país convidado para a Eurovisão.
É provavelmente o projecto mais ambicioso de Miguel Garcia: incluir Cabo-Verde como país convidado para a Eurovisão. O manager contou ao Expresso das Ilhas que fez a proposta ao Ministro da Cultura, Abraão Vicente, no seu escritório em Lisboa.
“Tivemos uma reunião e eu fiz esta proposta: de começarmos a trabalhar na possibilidade de ter Cabo Verde como país convidado da Eurovisão. Para ser sincero eu vejo isto como uma possibilidade real. Depois surgiu a pandemia e os contactos falharam um pouco, mas agora está na altura de voltarmos a tentar que este grande momento musical possa vir a Cabo Verde e possamos ter África representada através de Cabo Verde que é para mim o grande país da música”.
Miguel Garcia diz-se um apaixonado pelo Funaná, na sua opinião o melhor género musical cabo-verdiano e não só.
“Eu acho que o Funaná é o melhor ritmo cabo-verdiano; eu até iria muito mais longe: é o ritmo africano que mais pode ser competitivo para o mainstream a nível mundial. Infelizmente Portugal não tem um ritmo capaz de furar a nível internacional, mas eu acho que o funaná tem essa possibilidade - se for trabalhado de forma conveniente, inteligente e capaz eu acho que poderá ser considerado um estilo promissor para o mainstream”.
“Djô da Silva e Gugas Veiga dois dos grandes players da música cabo-verdiana”
Miguel Garcia considera Djô da Silva e Gugas Veiga
dois dos grandes players da música cabo-verdiana e pretende fazer pontes com os dois produtores e managers.
“O Djô por toda a história. Tenho um respeito muito grande pelo ser humano, pelo produtor, pelo agente, pelo manager e pelo editor. Eu acho que muitos artistas que têm hoje uma carreira em Cabo Verde devem muito ele. O Djô conseguiu colocá-los no mapa do mundo da música. E claro, na minha opinião, foi o manager do maior nome da música de Cabo Verde, a Cesária Évora”, classifica.
“O Gugas que já se pode considerar da nova geração tem tido um papel muito importante, porque é o homem que tem levado os Ferro Gaita para fora e tem produzido grandes festivais. É um player activo na música de Cabo Verde. Convidei muito recentemente o Gugas para trabalhar comigo e representar a minha agência nos países africanos. Um convite que ainda não teve uma resposta definitiva, mas que é um convite que está em cima da mesa”, conclui.
Texto publicado originalmente na edição nº1089 do Expresso das Ilhas de 12 de Outubro