Cimboa elevada a Património Cultural Imaterial de salvaguarda urgente

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,19 out 2022 7:18

​A cimboa, instrumento musical monocórdico mais antigo em Cabo Verde, trazida “provavelmente” pelos escravos africanos, no decurso do tráfico negreiro, foi elevada à categoria de Património Cultural Imaterial de salvaguarda urgente.

Em nota, o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, através da Portaria nº50/2022 de 18 de Outubro, considerou este instrumento como a alma do povo cabo-verdiano, sendo a sua elevação um passo importante para a continuação da sua salvaguarda e valorização.

“O Governo de Cabo Verde tem trabalhado no resgate e na recuperação do património cultural imaterial, conferindo uma nova centralidade, colocando-o, novamente, na convivência e no dia-dia dos cabo-verdianos”, realçou a mesma fonte, lembrando que o processo da sua elevação vem acontecendo com vários elementos da cultura ao qual a Cimboa também faz parte.

Como medida de protecção, o Ministério da Cultura diz que cabe ao Instituto do Património Cultural (IPC) a criação e dotação de um plano de salvaguarda emergencial, visando a sua salvaguarda, nomeadamente a elaboração de um plano estratégico de valorização de detentores e a garantia da sustentabilidade do bem classificado, no seu contexto histórico e sociocultural.

Na actualidade, segundo sublinha o comunicado, poucos são os tocadores e fabricantes de Cimboa, entre os quais se destacam, o seu mais velho tocador e fabricante, Tomás Mendes Cabral, Nhu Eugenio Mendi, de 83 anos de idade, nascido a 03 de Fevereiro de 1936, em Chão de Junco, que se interessou pela cimboa e aprendeu a fazê-la com o já falecido Amâncio Borges, mais conhecido por Toi di Palu, da localidade vizinha, Mato Brasil.

Outro exímio tocador e fabricante, recordou o Governo, é Domingos da Ressurreição Andrade da Silva Fernandes, Pascoal, de 62 anos, ex-militar, natural de Serradinho, em São Domingos, que teve como mentor, já aos 46 anos de idade, o mestre Manu Mendi, Pedro Mendes Sanches Robalo, falecido em 2008.

Realçou ainda Arlindo Sanches, filho do antigo tocador, Banda, Roque Sanches, Mário Lúcio Sousa e Gil Moreira como percursores que vêm mantendo viva a tradição da cimboa, instrumento que paulatinamente tem caído em desuso pela sua pouca utilização enquanto instrumento de solo.

“Em 2022, através do financiamento do projecto ´Cimboa – património para o desenvolvimento sustentável´, subvencionado pelo PROCULTURA – PALOP-TL, promoção do emprego nas actividades geradoras de rendimento no sector cultural nos PALOP e Timor-Leste, foi possível realizar o inventário deste bem, tendo-se chegado à conclusão da necessidade da sua salvaguarda urgente”, lê-se no documento.

Como medidas de salvaguarda urgente, acrescentou, foram realizadas acções de capacitação em confecção e execução musical agendadas para o decorrer dos anos 2022/2023, além da criação do centro interpretativo da cimboa, enquanto componentes do plano de salvaguarda urgente do bem.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,19 out 2022 7:18

Editado porSara Almeida  em  19 out 2022 13:11

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