Neste encontro dedicado à arte contemporânea mais de metade dos participantes são artistas mulheres, mais de 60% do Bangladesh, e 50% das obras e performances serão inéditas, indica o dossier de imprensa da organização.
Do mundo lusófono estará presente a dupla cabo-verdiana do projecto Storia Na Lugar, composta pela arquitecta Patti Anahory e o artista visual e cineasta César Schofield Cardoso, num trabalho que reflecte sobre a questão do acesso e a distribuição da água, dentro da complexa relação entre o turismo e as comunidades locais em Cabo Verde.
Os criadores cabo-verdianos estiveram presentes em 2021 na 17.ª edição da Bienal de Veneza de Arquitetura, sob o lema “Como vamos viver juntos”, onde apresentaram este projecto, no Arsenale.
Nesta edição, a Dhaka Art Summit terá muitos novos projectos que abordam preocupações globais de uma perspetiva local, abrangendo diversos tópicos sobre a mudança climática, relações de género e diálogos intergeracionais, indica a organização.
Do Brasil, ambos de São Paulo, cidade onde vivem e trabalham, estarão os pintores Marina Perez Simão – que usa várias técnicas de colagem, a óleo e desenho nos seus trabalhos – e Lucas Arruda, conhecido por criar pinturas enigmáticas com paisagens de atmosfera densa, aparentemente abstratas, por envolverem frequentemente nevoeiro e nuvens.
Sob o título “Bonna”, a mesma palavra bengali para designar inundação e usada como nome feminino, o certame convidou mais de 160 artistas e colectivos – muitos deles a viverem na diáspora – a explorarem a relação entre as palavras e a água numa grande montra de arte que decorrerá na Academia Shilpakala, em Dhaka.
Com curadoria de Diana Campbell desde 2013 – acompanhada por Bishwajit Goswami este ano – o certame contará, entre outros artistas convidados a usar a arte para manifestar o poder das suas histórias, Joydeb Roaja, que revisita memórias traumáticas da infância passada em Tripura, no nordeste da Índia, convivendo com as acções militares separatistas.
Yasmin Jahan Nupur apresentará uma performance que visa criar espaço para conversas sobre a infância, histórias de lugares e pessoas, apelando à participação dos visitantes, de forma a criar uma expressão de memória colectiva, invocando o poder da imaginação.
Por sua vez, o escultor britânico Antony Gormley irá colaborar com uma equipa de artesãos do Bangladesh para criar “Turn”, um desenho ao longo de mais de dois quilómetros que usa bambu para sublinhar a importância deste material na cultura e sociedade locais, e que será depois reciclado.
A bienal é organizada pela organização sem fins lucrativos Samdani Art Foundation, e pretende ser uma ligação do Bangladesh ao mundo, sob a liderança de Nadia Samdani e Rajeeb Samdani, dirigentes da fundação criada em 2011 para apoiar o trabalho de artistas e arquitetos daquele país e do sul da Ásia.