Segundo uma nota da organização, a grande novidade desta edição é que será produzida em colaboração com a Mostra de Cinemas Africanos, do Brasil. Nascida em 2018, em São Paulo, a Mostra de Cinemas Africanos é o único festival no Brasil total e exclusivamente dedicado aos cinemas africanos contemporâneos, com vários filmes da sua curadoria a serem inéditos no país.
A mesma fonte indicou que graças a esta parceria, a CENA 2023 terá na sua programação uma curadoria especial, com filmes de vários países africanos cuja trajetória a Mostra de Cinemas Africanos acompanha nos mais importantes festivais de cinema do mundo, como Cannes, Berlinale, Toronto, Veneza, Rotterdam e Fespaco, e levam para o Brasil os títulos de maior interesse.
“Já a curadoria CENA também reserva algumas novidades, para além da satisfação de repetir na programação o nome de alguns cineastas cabo-verdianas e dos PALOP”, revela a mesma fonte.
De lembrar que a primeira edição da CENA aconteceu no início de Março de 2020, na Cidade da Praia, e estendeu-se por dois dias, com o propósito de destacar as mulheres no cinema cabo-verdiano e incentivar mais mulheres a enveredar pela área.
“Foram exibidos filmes dirigidos por oito cineastas cabo-verdianas (metade delas da diáspora), entre curtas e longas metragem, documentário e ficção. De assinalar o facto de que praticamente todas as convidadas eram já realizadoras premiadas em competições no país ou no exterior”, destaca.
Em Março de 2021, com o desafio ainda presente do coronavírus, Mindelo foi a cidade anfitriã da CENA. A programação concretizou-se maioritariamente online (filmes e debates) mas a Uni-CV em São Vicente acolheu também sessões e oficinas para os estudantes.
A organização informou que na sua 2ª edição a CENA internacionalizou-se, acolhendo a participação de alguns cineastas dos PALOP.
Homenageada
Elisa Andrade (1938 – 2021) foi, em 1972, convidada pela realizadora Sarah Maldoror (1929 − 2020 ) para protagonizar o célebre filme “Sambizanga”, baseado na obra literária do escritor Luandino Vieira "A Vida Verdadeira de Domingos Xavier".
A relação profissional com a cineasta francesa com ascendência guadalupenha iniciaram em 1968 com a curta metragem "Monangambée", adaptação do conto "O fato completo de Lucas Matesso", também de Luandino Vieira, e onde a atuação de Elisa Andrade deixara tão boa impressão quanto a sua beleza, tendo sido batizada “Diamante Africano”.
Elisa Silva Andrade integrou o grupo de estudantes de Angola, Moçambique e Cabo Verde que, em 1961, protagonizou a grande evasão de jovens quadros africanos de Portugal para França a fim de integrarem as fileiras dos movimentos nacionalistas.