O relatório 'Global Art Market 2023' considera, no entanto, que os valores atingidos no ano passado - 67,8 mil milhões de dólares (cerca de 64,8 mil milhões de euros) - representam uma evolução moderada em relação a 2021, ano em que a recuperação nas vendas de arte foi de 31%, a partir do ponto mais baixo provocado pela pandemia, declarada em 2020.
Segundo o documento, os resultados do mercado da arte foram mistos em 2022, com variações no desempenho por sector, região, e segmentos de preços, resultando num "crescimento mais moderado".
A análise é da economista Clare McAndrew, especialista na área de cultura e fundadora da Arts Economics, autora do relatório publicado pela feira de arte de Basileia (Art Basel), em conjunto com a UBS, 'holding' de serviços financeiros sediada em Zurique, na Suíça.
A especialista recorda que o volume de transacções de arte "caiu drasticamente durante a pandemia em 2020, mas recuperou em 2021, com o número de vendas a aumentar 19%". Em 2022, destaca, estas aumentaram apenas marginalmente, em 1%.
O segmento alto do mercado continuou a ser o motor do crescimento no ano passado, verifica o relatório o relatório, ao mesmo tempo que as vendas no setor dos leilões públicos diminuíram ligeiramente 1% para 26,8 mil milhões de dólares (cerca de 23,8 mil milhões de euros), sendo as obras com preços superiores a 10 milhões de dólares (cerca de 9,2 milhões de euros) o único segmento a aumentar em valor.
À medida que as exposições, leilões e feiras decorriam cada vez mais presencialmente, tanto os comerciantes como as casas de leilões relataram uma nova redução na sua quota de comércio electrónico em 2022.
As vendas 'online' caíram para 11 mil milhões de dólares (cerca de 8 mil milhões de euros), um declínio de 17% em relação ao pico de 13,3 mil milhões de dólares de 2021 (cerca de 10 mil milhões de euros), mas ainda 85% mais alto do que em 2019.
No valor total do volume de negócios do mercado de arte de 2022, as vendas 'online' representaram 16%, abaixo do pico de 25% em 2020, e 4% inferior à quota do comércio electrónico a retalho global (20%) em 2022.
Depois de atingir um pico no final de 2021 de cerca de 2,9 mil milhões de dólares, as vendas de activos únicos não fungíveis digitais (NFT na sigla inglesa) relacionadas com arte, no ano passado caíram para pouco menos de 1,5 mil milhões de dólares (cerca de 1,3 mil milhões de euros), num declínio de 49%.
Apesar da queda significativa no valor, as vendas ainda eram mais de 70 vezes superiores às de 2020 (pouco mais de 20 milhões de dólares, cerca de 17 milhões de euros).
"O declínio no valor foi muito maior para as NFT relacionadas com a arte do que para outros segmentos", assinala ainda o relatório.
A nível mundial, os Estados Unidos mantiveram a primeira posição no 'ranking', com a sua quota de vendas em valor a aumentar 2%, numa base anual, para 45%, enquanto no ano passado o Reino Unido voltou ao segundo lugar, com 18% das vendas, e a quota da China diminuiu (em 3%) para 17%, caindo novamente para a terceira posição.
A França manteve a posição de quarto maior mercado de arte a nível mundial com uma quota de 7%, adiantam os números do relatório, na comparação com os valores de 2021.
"Após um declínio significativo nas vendas durante a pandemia, o mercado artístico dos EUA registou uma das recuperações mais robustas de todos os principais mercados", avança o documento da Art Basel.
De um valor baixo induzido por uma pandemia em 2020, as vendas recuperaram em 2021, aumentando em pouco mais de um terço, para 28 mil milhões de dólares (cerca de 25 mil milhões de euros).
O crescimento continuou em 2022 com um novo aumento de 8%, para 30,2 mil milhões de dólares (cerca de 27 mil milhões de euros), o seu nível mais elevado até à data, acrescenta.
"Apesar de um ano de intensas pressões económicas e políticas, as vendas no Reino Unido mantiveram a sua dinâmica", com um aumento de 5% para 11,9 mil milhões de dólares (cerca de 10 mil milhões de euros) em 2022, sobre valores de 2021.
Por seu turno, a China teve um ano significativamente pior em 2022, ainda com restrições, e vendas e eventos reduzidos ou cancelados, refere a análise.
As vendas diminuíram 14% em relação ao ano anterior para 11,2 mil milhões de dólares (cerca de 10 mil milhões de euros), e, embora ainda 13% acima de 2020, foi o seu nível mais baixo desde 2009.
Quanto ao mercado francês, registou um crescimento positivo de 4%, medido em dólares americanos, com o aumento um pouco silenciado pela deterioração dos valores em euros em 2022.
Após uma queda no valor de 30% em 2020, as vendas em França tiveram uma subida particularmente forte em 2021, aumentando em 58%, para 4,8 mil milhões de dólares (cerca de 4,4 mil milhões de euros).
O crescimento continuou em 2022 e levou a um novo pico próximo de cinco mil milhões de dólares (4,6 mil milhões de euros), o nível mais elevado até à data, aponta o relatório.