Em declarações à Inforpress, Ilça Zego recordou que tudo começou quando viu uma publicação desta produtora que procurava pessoas para fazer parte do filme que ia ser rodado. Sem hesitar, procurou a produtora e, através do “casting”, assumiu o papel da actriz principal do filme que foi selecionado para abertura do festival de cinema Cannes 2023.
Destacando que a emoção é tanta e que nem consegue descrever o que vai na alma, a artista adiantou que esta participação foi “inesquecível” e que quer aprimorar e trabalhar mais nessa área, que é uma paixão de infância.
“E uma sensação de alegria, uma emoção que não sei explicar, pois é um dos eventos mais prestigiado e divulgado no mundo. Esta participação representa um sentimento enorme, porque isto representa um sonho, retribuição de esforços, responsabilidade, porque a partir de agora devo estudar mais o teatro e o cinema”, disse.
“É uma grande atribuição para os meus familiares e Cabo Verde também. Sinto-me orgulhosa de ter aberto uma porta para um mundo que tem muita competição. Sabendo que a minha língua vai ser projectada na maior tela do cinema mundial, é um motivo de grande satisfação. Sinto-me realizada, também, pelo grande reconhecimento internacional, que é o sonho de qualquer pessoa ligada à arte de representação”, contou.
Segundo explicou, esta longa-metragem abre a porta para a língua cabo-verdiana, pois, conforme elucidou, esse filme é narrado tanto em crioulo como em francês, o que leva o crioulo cabo-verdiano para o outro “patamar”.
“O filme Ama Glória conta a história de Cleo, que tem apenas seis anos de idade. Ela ama loucamente a sua Ama, Glória, que a tem criado desde que nasceu, porque perdeu a mãe ainda bebé. Mas a Glória teve que voltar urgentemente para Cabo Verde para estar com os filhos. Antes de sair, Cleo pede-lhe para manter a promessa de vê-la novamente, o mais rápido possível. Glória convida-a para conhecer a sua ilha e a sua família, para passarem um último verão juntos”, contou mesma fonte.
Ilça Zego reforçou ainda que essa história foi baseada na vida real da própria realizadora, uma história que homenageia e retrata a vida de uma Ama(babá) que trabalhou com ela, mas que não é uma cabo-verdiana, embora retrate também a vida dos emigrantes quando saem de Cabo Verde à procura de uma vida melhor num outro país.
Conforme referiu à Inforpress, essa paixão pelo teatro começou desde a infância, lembrando que participava nas representações nas escolas e igrejas na sua zona. Por isso, esse gosto pelo teatro, música e dança, iniciou desde cedo.
Já participou como actriz no filme de Gil Moreira e Claudino Moreira, onde assumiu o papel de Maria. Ainda contou que fez também o papel de “Nhaba”, no filme de Tikai.
Natural da Calheta São Miguel, interior da ilha de Santiago, enfermeira e mãe de três filhos, Ilça Zego viajou para França em 2014, numa turnê de espetáculo, e 2015 fixou residência naquele país europeu.
De referir que uma parte deste filme foi gravada em Cabo Verde, precisamente no Tarrafal de Santiago, e a estreia da mesma no país será anunciada brevemente, informou essa actriz.