Patrícia Silva avançou à Inforpress que “quase tudo” está a postos para a sua deslocação a França para participar num dos maiores festivais do cinema do mundo e levar o nome de Cabo Verde “mais longe”, com “Mãe Pretinha”, que vai ser exibido no Pavilhão de Filmes Africanos do Cannes, de 21 a 25 do corrente.
A realizadora mindelense disse que já tem a passagem e a estadia garantidas, através da organização, faltando o visto de entrada que já está “mais ou menos” encaminhado, uma vez que tem o agendamento marcado para a próxima segunda-feira, 08, na Cidade da Praia.
“Neste momento, estou a contar com o apoio do Ministério da Cultura e acredito que tudo vai correr bem para obter o visto”, sublinhou Patrícia Silva, que se diz “muito honrada” pelo seu filme ter sido escolhido e ser um dos representantes do País neste “grande festival”.
Até porque, indicou, nunca pensou que o filme de 09 minutos e gravado praticamente num dia pudesse chegar tão longe.
“Comecei a pensar em o fazer, depois que o meu compadre contou-me uma história sobre a sua infância e que sempre anseava pelo momento da comida na escola, já que a sua família tinha muitas dificuldades”, explicou.
Daí teve a oportunidade de levar a ideia para o projecto Aliança para o Direito Humano à Alimentação Adequada e Iniciativas de Empoderamento de Jovens e Mulheres Rurais, que lançou em 2021, no Mindelo, o concurso de curtas-metragens “Bodji”, financiado pela União Europeia.
Desta forma, trouxe para as telas o “Mãe Pretinha”, que usando o nome dado, na gíria popular, à panela para cozer os alimentos à lenha, questiona até que ponto o programa das cantinas escolares sustenta a dieta alimentar de várias crianças em Cabo Verde.
“Todo este percurso que o filme já fez desde então, serve de incentivo para eu e minha equipa continuarmos a lutar para colocar em prática vários outros projectos de filmes e ideias criativas que temos em mente”, lançou Patrícia Silva, referindo-se a distinções como uma menção honrosa na São Tomé FestFilm, e presença nos festivais Oiá (Cabo Verde), no Cinekugoma (Moçambique) e Pano de Terra (São Paulo, Brasil) e agora no Cannes Festival (França).
O “Mãe Pretinha” tem a direcção de Patrícia Silva e Marco Rendall, roteiro escrito por Patrícia Silva e Delson Samiro, direcção de fotografia e edição de Reginaldo Cruz, direcção de som de Dénis Ribeiro e na produção também Patrícia Silva, Frederico Oliveira e Emília Wojciechowska, que tem sido a responsável pelas candidaturas do filme aos diversos festivais.
Além da Patrícia, Cabo Verde vai estar representado pela produtora Natasha Craveiro, da Korikaxoru Films, que foi seleccionada pela Deental@Cannes, um programa que proporciona a produtores da África, Caraíbas e Pacífico (ACP) uma participação especial no Festival de Cannes.