IPC aponta para “uma grande transformação” da Cidade Velha até 2026

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,26 jun 2023 7:53

A Cidade Velha, Património da Humanidade, passará por “uma grande transformação” até 2026, com a implementação de projectos voltados para a melhoria das condições de vida da população local e o impulsionamento turístico.

A garantia foi dada pela presidente do Instituto do Património Cultural (IPC), Ana Samira Baessa, em entrevista à Inforpress no âmbito do XIV aniversário da classificação da Cidade Velha Património da Humanidade, pela UNESCO, que se assinala hoje.

Durante estes 14 anos, sublinhou aquela responsável, Cidade Velha assistiu a inúmeros ganhos, uma vez que estar na lista da Unesco cria e abre possibilidades para novos projectos e programas de gestão que beneficiam, principalmente, a população local.

De entre essas possibilidades, Baessa destaca-se o trabalho de reabilitação e reconversão dos monumentos históricos que estavam em estado de abandono ou deterioração. Houve um aumento significativo na sensibilização, resultando uma maior visibilidade da Cidade Velha, maior dinâmica em empreendimentos e maior conscientização da comunidade residente sobre o valor e potencialidades da urbe.

Contudo, a inclusão na lista não trouxe apenas benefícios. Há também todo o desafio de gerir um sítio património mundial com uma dinâmica própria, com uma população local com as suas necessidades e aspirações. A questão é como conciliar esses aspectos com as restrições impostas pela inclusão na lista.

“A classificação como Património Mundial coloca a lista de restrições a nível da gestão do património, da gestão participativa e do envolvimento de todos os parceiros e instituições que devem participar activamente na gestão do sítio e comunidade deverá ser uma voz activa”, disse a presidente do IPC.

Segundo Ana Samira Baessa, “também existem as restrições que colocam alguma fricção entre a população e as autoridades que tem a ver com a conservação da autenticidade e da integridade deste sítio enquanto valores que ditaram a sua classificação como Património Mundial”, salientou.

As questões urbanísticas e construções clandestinas, ressalvou, são as principais fontes de conflito, visto que envolvem propriedades privadas e as expectativas das pessoas em expandir suas construções, e por vezes, não compreendem que Cidade Velha já é um sítio consolidado.

“Mas, acredito que os projecto, neste momento em curso vão também contribuir para este processo de sensibilização, ou seja, vão criar as condições para a marcação dos espaços públicos e de lazer que hoje são incipientes, e a partir daí a própria população acaba por interiorizar que este sítio, por ser património mundial, cria limitações em termos de construções, mas também potencializa projectos estruturantes que trazem qualidade de vida e benefícios para a população”, concretizou.

Nesta senda, a presidente do IPC, ressaltou que serão reforçados os projectos de sensibilização junto da comunidade, apelando para a necessidade de proteger Cidade Velha e as suas características que a elevaram a Património da Humanidade.

Para além dos projectos de sensibilização há, em curso, um grande projecto de reabilitação urbanística e ambiental da Cidade Velha, orçado em mais de um milhão de dólares, financiado pelo Banco Mundial, no âmbito do projecto Turismo Resiliente e Desenvolvimento da Economia Azul, segundo a fonte já citada.

O objectivo passa por valorizar o grande potencial que existe na Cidade Velha e criar as condições para o seu desenvolvimento de forma sustentável, potencializando e criando oportunidades de negócio e de atracção para os visitantes e para a comunidade residente.

“Temos o projecto de requalificação do acesso da ligação da catedral à Igreja da Misericórdia e requalificação do bairro de São Pedro, de requalificação da praça do pelourinho e projecto que liga a catedral à Torre e à Igreja da Misericórdia e já estão na fase final e vão passar para procedimentos administrativos para o lançamento dos concursos acreditamos que seja um projecto para se iniciar este ano”, especificou Ana Samira Baessa.

Apontou ainda, os projectos financiados pelo Governo em parceria com o poder local, nomeadamente o projecto de requalificação da orla marítima, em curso.

Para além destes, aquela responsável destacou o projecto de sinalética, financiado pela UNESCO, recentemente aprovado num valor de 26 mil dólares. O arranque está previsto para este ano e irá permitir que o público visite Cidade Velha de forma autónoma e independente.

Igualmente, Ana Samira Baessa mencionou o projecto de Gestão dos Sítios Património Mundial pós covid-19, que permite fazer o mapeamento de todos os recursos turísticos existentes, designadamente, os pequenos empreendimentos turísticos, tendo como objectivo potencializar e minimizar os impactos que a covid-19 teve nos serviços destes sítios.

“Pois, o objectivo é, e vamos assistir no horizonte 2026, uma grande transformação na Cidade Velha, trazendo equipamentos, projectos, infra-estruturas que, primeiro melhoram as condições de vida da população local, potencializa o património e gerar renda, particularmente, aos moradores da Cidade Velha e, depois, criar as condições de atractividade para que Cidade Velha seja cada vez mais visitada pelos turistas, nacionais e estrangeiros, e público em geral”, declarou.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,26 jun 2023 7:53

Editado porAndre Amaral  em  21 mar 2024 23:29

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