A ideia da criação da revista, já apresentada no Mindelo, em Dezembro do ano passado, no âmbito do vigésimo aniversário da Universidade do Mindelo, partiu da constatação, conforme o seu reitor, Albertino Graça, na nota de apresentação da referida revista, surgiu da necessidade de um meio de divulgação que contemplasse a temática do direito, política e política, em forma de artigos originais e inéditos.
Como reforça o editor-chefe, José Graça, esta revista de periodicidade anual vem preencher uma lacuna que se tem revelado cada vez mais acentuada no domínio jurídico.
“Nós sentimos que a revista “Direito e Cidadania” que é uma grande revista já estava a fazer falta no meio académico e nós pensamos que deveria haver qualquer coisa, não para a substituir, mas para complementá-la, porque nós estamos esperançados que a revista virá ressurgir a qualquer altura. Então nós achamos que já era tempo de editar uma revista em S.Vicente que é tradicionalmente uma ilha cultural, uma ilha de académicos e de intelectuais. Nós quisemos dar essa contribuição, fizemos essa proposta ao Conselho Científico da Universidade do Mindelo. Acharam interessante e a revista está aí”.
Este número de estreia traz a colaboração de 50% de nacionais (8) e 50% de estrangeiros, nomeadamente de Portugal (2), Espanha (2), Angola (1) Moçambique (1) e Cuba (2). “É intenção deste periódico alargar a participação a outros países, designadamente da CPLP, como o Brasil, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, que, infelizmente, não puderam colaborar neste número”, lê-se no editorial assinado por José Graça.
Ao Expresso das Ilhas o editor-chefe justificou a periodicidade anual da revista como uma forma de driblar as dificuldades inerentes a essas publicações. “A periodicidade é anual porque nós sabemos quais são as dificuldades, os obstáculos e os constrangimentos que a sociedade mindelense vive para editar uma revista e velar pela sua manutenção. Portanto, uma periodicidade muito curta podia pôr em causa a regularidade da saída da revista”, afirma, acrescentando, entretanto, que assim que a máquina estiver devidamente oleada poder-se-á diminuir a periodicidade para eventualmente seis meses.
De acordo com o estatuto editorial, a revista destina-se não só a pesquisadores, docentes e especialistas como também aos estudantes e ao público interessado de um modo geral. “Dispensando o sectarismo e a sua afectação a esta ou aquela escola, ou a proselitismos exacerbados, o único factor de discriminação a levar em consideração será o da qualidade dos trabalhos”, anuncia o editor-chefe.
“A Academia tem responsabilidade na divulgação de artigos científicos”
José Graça defende que a Academia tem responsabilidade na divulgação de artigos científicos que os académicos produzem. “Infelizmente nós não temos grandes verbas destinadas a esses trabalhos. Os académicos e os produtores de conhecimento não se sentem muitas vezes estimulados a publicar os seus trabalhos. Felizmente, algumas entidades públicas já começam a ter alguma apetência para apoiar trabalhos desta natureza. Já se vê que já há rubricas em alguns orçamentos para esse efeito. Isso me alegra porque poderá servir de incentivo não só para aqueles que trabalham nisto, como também para aqueles que querem colaborar com os trabalhos de pesquisa, pois sabemos que há muita coisa engavetada por aí que deveria vir ao conhecimento do público”, observa.
José Lopes da Graça é Editor Chefe da revista “Direito, Política & Sociedade”, Doutor em Ciências Sociais e Jurídicas, Coordenador do Departamento de Ciências Jurídicas e Docente da Universidade do Mindelo.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1126 de 28 de Junho de 2023.