Festival Baía das Gatas: Zé Delgado honra abertura no dia em que brilharam ainda Josslyn e Nelson Freitas

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,12 ago 2023 10:08

Ainda que, horas antes, tivesse sido comunicada mudança de protagonistas para a abertura do 39º Festival de Música da Baía das Gatas, Zé Delgado & Amigos, repescados para inaugurar o certame, fizeram jus à responsabilidade.

Esta, como foi antecipadamente anunciado, caberia à banda Monte Cara e as vozes de Leonel Almeida, Dany Silva e Jennifer Soledad, com um tributo a Bana, o “Rei da Morna”, alvo de todas as homenagens nesta edição, mas parte do grupo teve as voltas trocadas com o voo Lisboa-São Vicente e já não chegou a tempo de abrir o certame.

Conta-se que foram aos Açores (Portugal) e à Cidade da Praia, antes de rumarem a São Vicente, justamente para homenagear Bana, que, em vida, actuou por três vezes no festival, nas edições de 1986, 1991 e 2004, este último em que foi a figura homenageada.

A prometida homenagem ficou adiada em 24 horas, pois o grupo chegou à São Vicente na noite de sexta-feira, 11.

Alheio a tudo isto, Zé Delgado, a caminhar para os 27 anos de carreira, entrou no palco 47 minutos depois da hora marcada, e, querido na sua ilha natal, foi recebido por uma das maiores enchentes de sempre na abertura de um festival. É que, sexta-feira, logo a abrir, não agrega, habitualmente, tanto público.

Mas Zé Delgado, cujas músicas fazem parte do imaginário sanvicentino, rompeu a barreira e, num show de pouco mais de uma hora, desfilou os sucessos da carreira, ante o delírio do “seu” público, ele que há 11 anos não pisava o palco da Baía das Gatas.

“Dia de festa”, “Hino d’Amor” e “Txiluff”, entre muitos outros temas, ao estilo rapsódia, fizeram as pessoas juntarem-se nas cercanias do palco, a cantar e a dançar, para fechar a actuação “em grande” com o tema “Herança de nha raça”, com a Baía das Gatas “iluminada” por telemóveis.

“Grande prazer um filho de São Vicente actuar e fazer a abertura do festival, terminamos em grande, apesar de alguns problemas de som no arranque do certame, mas o importante é fazer a nossa missão, que é cantar”, rejubilava, no fim, o cantor.

E o alinhamento do primeiro dia teve, a seguir, a enérgica Josslyn, “menininha” de Santo Antão, primeira vez com espectáculo a solo, no Festival da Baía das Gatas.

Ela que iniciou a carreira, como Joceline, nome próprio, a interpretar os clássicos da morna e da coladeira e que, inclusive, nesta condição, integrou a delegação de Cabo Verde que, em 2009, participou, na Argélia, na 2ª edição do Festival Pan-africano da Cultura.

Escusado será dizer que, hoje, Josslyn surfa outras ondas musicais, como quizomba, R&b e o afro-house, e foi nesta condição que electrizou os fãs enquanto esteve em palco na Baía das Gatas, num show de luz e movimento que não deixou os apreciadores do estilo indiferentes.

“Um dia muito especial porque desde criança quando assistia ao festival dizia que um dia tinha de estar aqui. Sempre quis. Adorei a actuação, foi melhor do que esperava. São Vicente é bomba. Emocionei-me, chorei, é uma ilha especial para mim e ouvir pessoas a cantar as minhas músicas foi o máximo”, declarava aos jornalistas, minutos depois da actuação.

Com a temperatura sempre a subir, actuou ainda o já ‘habitue’ Nélson Freitas, cujas músicas estão na ponta da língua dos festivaleiros da Baía das Gatas, que fizeram a festa da primeira à última música, com “Depois de quarentena” à cabeça.

“Cansado, mas feliz pelo acolhimento”, resumia Nélson Freitas à imprensa.

Seguiram-se, na ponta final do primeiro dia o reggae-man Alborosie & Shengen Clan, e, a fechar o palco, o Carnaval do Mindelo, com os intérpretes Edson Oliveira, Gai Dias, Anísio Rodrigues e Constantino Cardoso, ritmos que impediram que o público da Baía das Gatas se desmobilizasse.

A 39ª. edição do Festival Internacional de Música da Baía das Gatas, que este ano homenageia o falecido cantor Bana, tido como “O Rei da Morna”, continua hoje, com início às 21:00, com o tributo ao homenageado, através da Banda Monte Cara e as vozes de Leonel Almeida, Dany Silva e Jeniffer Soledad.

Seguem-se ao longo da noite/madrugada a brasileira Paula Fernandes, Dynamo, Xamã e Deejay Télio.

O certame encerra no domingo, 13, com o desfile de artistas e bandas, a principiar às 18:30, sendo eles Ceuzany, Dino d´Santiago, Protoje, Plutonio, Yuran Beatz, Ary Beatz & Mc Acondize.

O Festival Internacional de Música da Baía das Gatas, que este ano celebra a 39ª edição, teve a primeira edição no dia 18 de Agosto de 1984.

É realizado anualmente na praia da Baía das Gatas, a oito quilómetros da cidade do Mindelo, e não se realizou ali apenas em 1995, devido a uma epidemia de cólera que assolou Cabo Verde, e nos anos 2020 e 2021, por causa da pandemia da covid-19, em que se concretizou o evento no formato online.

Anualmente, a Câmara Municipal de São Vicente, que organiza o certame, reserva uma verba no orçamento municipal para fazer face às despesas com a logística, viagens e cachê de artistas de Cabo Verde e do estrangeiro, mas “o grosso do montante” para suportar o evento, de acordo com a autarquia, provém de patrocínios de empresas e outras instituições.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,12 ago 2023 10:08

Editado porAntónio Monteiro  em  1 mai 2024 23:28

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