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A afirmação foi feita em declarações à Inforpress, em Lisboa, neste Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, este ano com o acto central das celebrações no Centro Cultural Cabo Verde (CCCV), com lema “Somos cultura”.
“Que o Dia Nacional da Cultura sirva, não apenas para exaltar a cultura tradicional cabo-verdiana, mas para exaltar o novo perfil do homem e da mulher cabo-verdiana. O Dia Nacional da Cultura não é apenas o dia da cultura literária ou da cultura musical. É o dia identidade cabo-verdiana que se fez e se constrói cada vez mais”, declarou o ministro.
Segundo o governante, é por causa dessas novas dinâmicas que o Ministério da Cultura decidiu realizar esta primeira cerimónia, fora do País, de celebração do dia 18 de Outubro, “para mostrar à diáspora que são parte da nação e que fazer parte da nação é reconhecer que os que vivem fora do País, são o País”.
“A nação crioula é a porta dessa nova geração do cabo-verdiano (…). Ou deixamos de ser conservadores com aquilo que é a cultura cabo-verdiana, ou perdemos a grande oportunidade das indústrias criativas cabo-verdianas terem dimensão e escala. Cabo Verde mudou através da diáspora”, considerou.
Em relação ao lema “Somos cultura” para assinalar o Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, Abraão Vicente explicou que a escolha vem na ideia de afirmação de uma identidade cultural e de não se esquecer que Cabo Verde fez-se como País, como pátria e como nação, através de afirmação cultural, ou seja, através da literatura, da música ou do artesanato.
“Sobretudo uma nação de cultura, porque através da música, Cabo Verde fez-se conhecer, através da Cesária Évora (…). Não somos ainda um país tão conhecido como muitas vezes achamos que somos. Há muito trabalho para fazer, mas somos conhecidos através da cultura, da música da Cesária Évora, mas também Mayra Andrade, Tcheka, Lura e outros nomes da literatura cabo-verdiana, como Germano Almeida”, indicou.
Para o ministro, para se ter uma cultura dos grandes palcos é preciso ter maior disponibilidade de verba, mas também ter um sector privado ligado às indústrias criativas melhor organizado.
“Por mais que o ministro diga que é preciso mais verba para a cultura, há claramente uma necessidade de priorizar aquilo que é básico para as populações”, disse, sustentando que nos últimos anos o Ministério da Cultura tem conseguido a maior verba consecutivamente do Orçamento do Estado (OE), que para 2024 será uma fatia de 6 %, mas lembrou que “não há nenhum deputado nacional que defendem a cultura, mas já fizeram para o aumento dos seus subsídios”.
A sessão das celebrações hoje em Lisboa, a ser presidida pelo ministro Abraão Vicente, contará também com a intervenção do embaixador de Cabo Verde, em Lisboa, Eurico Monteiro.
Um desfile de “Kolá San Jon”, uma actuação do coro “Voz di terra”, entrega de medalhas de Mérito Cultural 2º Grau a personalidades da cultura cabo-verdiana, actuação das batucadeiras “Finka pé” e apresentação musical “Novas sonoridades da comunidade”, com a curadoria de Dino d’Santiago, são as actividades que farão parte das comemorações, em Lisboa.
Para além de Lisboa, várias actividades já decorreram ou estão a decorrer um pouco por todas as ilhas em Cabo Verde para assinalar o Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, instituído em Outubro de 2005, com o intuito de celebrar tanto a cultura cabo-verdiana, como as suas comunidades.
A data homenageia o dia de nascimento de um dos maiores literatos da história de Cabo Verde, o poeta Eugénio de Paula Tavares, falecido aos 63 anos na Vila Nova Sintra, ilha Brava, em 1º de Junho de 1930.
Em Cabo Verde, o mês da cultura será celebrado um pouco por todo o país com várias actividades e manifestações culturais.
