homepage
Em declarações à Inforpress, em Lisboa, este cabo-verdiano Prémio Camões disse que os escritores cabo-verdianos, no geral, têm tido uma preocupação de publicar muito depressa e não estão a deixar as obras “amadurecerem, isto por um lado e, por outro lado, a impressão que tem é que as pessoas “estudam pouco e lêem pouco”.
Segundo ele, uma pessoa “não pode pensar escrever uma obra, enquanto não ler pelo menos mil livros”, estando ciente que “ler dá trabalho”, apesar de haver pessoas que “lêem por prazer de leitura ou que escrevem por prazer de escrever”.
“Por isso que defendo que devemos ter em Cabo Verde mais concursos literários, mais prémios literários para levar as pessoas a escreverem, porque as pessoas têm que ser incentivadas (…). Se queremos, efectivamente, ter uma literatura, temos de incentivar as pessoas a escrever”, defendeu.
Para Germano Almeida, uma pessoa para sentar três ou quatro horas a escrever, vai deixar de fazer muitas coisas, sobretudo se é jovem, uma altura da vida em que existem outras prioridades, por isso a necessidade desse incentivo.
“Todos deviam promover concursos de literatura, mas penso que é de responsabilidade do Governo e das instâncias oficiais, no entanto, qualquer entidade privada ou empresa podia instituir prémios de literatura. Competia a qualquer entidade fazer isso e era bom para o país, não tem que ser promovido só pelo Estado”, frisou.
O escritor cabo-verdiano, que neste momento faz parte do corpo de júri do Prémio de Revelação Literária UCCLA-CMLisboa – Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa, referiu que a este concurso concorrem centenas de autores, mas que ainda nenhum cabo-verdiano ganhou.
“As pessoas dão-se rapidamente por satisfeitas, sobretudo porque o mais difícil que existe na escrita é cortar. Escrevemos e achamos que já produzimos. Não estou a dizer que escrevo melhor que os outros, mas que eu escrevo e dois ou três dias leio e se não gostar é porque não serve, visto que se enquanto leitor não ficar satisfeito não vou conseguir que os outros gostem.
No dia 31 de Outubro, Germano Almeida apresentou, em Lisboa, no Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV), o seu mais recente livro “Infortúnios de um governador nos trópicos”.
Em Cabo Verde, a apresentação da obra de Germano Almeida que se encontra em Portugal e regressa ao arquipélago no dia 14 de Novembro, está prevista para acontecer na ilha de São Vicente, no dia 20 de Novembro.
Germano Almeida, que nasceu na ilha da Boa Vista, em 1945, é licenciado em Direito e vive actualmente em São Vicente.
