Começaram a ganhar o gosto pela música através das séries infantis que viam. E pouco a pouco começaram a cantar sozinhas no quarto, por serem muito tímidas, e com o passar dos anos o gosto pela música só aumentava.
Aos 14 anos fizeram o primeiro concerto, com uma banda na escola que frequentavam. “Davam-nos aula de guitarra na escola e decidiram fazer um concerto para quadro de mérito e nós cantamos. Foi a primeira vez que alguém ficou a saber que cantávamos. Depois descobrimos outras pessoas que tinham o mesmo gosto que nós e juntamos amigos para fazer beat para Instagram e levávamos guitarra para escola para tocar nos intervalos”, contam as irmãs.
Em 2018, participaram num programa de televisão com uma banda, só ficaram pela audição, mas isso não foi motivo para desistirem da música. “Participar num programa de televisão também nos deu uma perspectiva de como é que funciona o mundo da televisão e dos concertos”.
Em 2021, conheceram o artista Dino D`Santiago e ele decidiu ajudar as gémeas a entrar de forma mais profissional no mundo da música. “Ele viu a nossa audição, decidiu que começássemos dentro deste mundo de forma mais profissional e então em Janeiro de 2022 ele convidou-nos para fazer participar num concerto no Jardins de Verão na Fundação Calouste Gulbenkian”.
“Quando ele nos fez o convite tínhamos apenas cinco músicas. Estávamos a fazer música de forma completamente amadora e na brincadeira e a partir do momento em que ele nos fez o convite para participar no concerto começamos a fazer muito mais música e a perceber o nosso ritmo de trabalho e o que isso poderia ser mesmo o nosso futuro”, afirmam.
Depois do concerto perceberam que o hobby podia ser uma profissão. “O nosso primeiro concerto foi muito bom, e a partir desse espectáculo passamos a fazer muito mais shows e começamos a ser convidadas para outros eventos em Portugal. Foi assim que começou a nossa carreira musical”.
A dupla canta mais em inglês e português, mas pretendem lançar música em crioulo. “Não aprendemos a falar crioulo em casa, só ouvíamos a música, mas vamos aprender e um dia pretendemos lançar músicas em crioulo”.
Neste momento a dupla conta com 12 músicas feitas, mas ainda não estão lançadas, mas em Janeiro de 2024 vão começar a lançá-las. Em relação ao estilo musical, não querem definir uma sonoridade, “porque queremos explorar outras realidades, e também somos muito novas para estar a definir um estilo. E é bom irmos de um lado ao outro, para estar no hip hop, afro hop, nas baladas e estilos que sentimos que nos podem inspirar mais”.
A dupla disse que tem apoio incondicional da mãe, que é natural de Tarrafal de São Nicolau. “Ela é a primeira pessoa que nos critica para sermos melhor, e foi ela que mais nos apoiou em todos os momentos. A partir do momento que ela descobriu que temos gosto pela música comprou-nos um piano, guitarra e microfone. Foi ela que disse ao Dino D`Santiago que nós cantamos”.
Concerto em Cabo Verde
Conforme disseram, a primeira actuação em Cabo Verde foi espectacular, superou completamente as suas expectativas. “Quem nos convidou para estar aqui neste concerto é o Princezito, uma pessoa que admiramos muito, conhecemo-lo no Centro Cultural Cabo Verde, em Portugal”.
A Yeri fez um trabalho na Universidade sobre a cantora guineense Karyna Gomes. “Estar no palco com ela foi espectacular. A Fattú Djakité é muito engraçada e tem uma óptima voz. Aliás, ambas têm uma óptima voz. Estamos muito felizes de termos terminado o ano assim, num palco em Cabo Verde”.
As gémeas ficaram encantadas com a terra dos pais e prometeram voltar mais vezes. “Estar num concerto em Cabo Verde é a melhor forma de terminar o ano. Fazer um concerto em Cabo Verde a convite do músico Princezito, uma pessoa que acompanhamos desde muito tempo, e estar no mesmo palco com a Karyna Gomes é maravilhoso. E pelo facto do concerto acontecer no Auditório Nacional, não temos palavras, estamos mesmo muito contentes”.
“É muito bom saber que temos outra casa para além de Lisboa. Lisboa é tudo muito rápido e turbulento, e aqui é tudo calmo, tranquilo, temos tempo para tudo. O dia aqui tem mesmo 24 horas. E estamos muito bem aqui, toda a gente vem falar connosco e são todos muito simpáticos e parece que sempre estivemos aqui”, realça.
Projectos
A dupla pretende lançar os seus trabalhos neste novo ano que agora inicia, “pois há muitas pessoas em Portugal que nos conhecem, através do Instagram e dos concertos, mas queremos mostrar o nosso trabalho”.
“Queremos lançar pelo menos um EP em 2024, ou dois singles, estar mesmo mais presente nesta área e com certeza voltar a Cabo Verde”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1153 de 3 de Janeiro de 2024.