Para o cantor e compositor George Tavares a SOCA quer promover a cultura cabo-verdiana com o Grande Prémio Musical Luís Rendall.
George Tavares afirma que ficou muito feliz com a iniciativa da SOCA, e que participou, porque já tinha tudo pronto, pois como compositor está sempre a fazer música. “Depois da entrega dos trabalhos fiquei a esperar ansiosamente pelos resultados. Quando anunciaram que fui um dos vencedores fiquei muito feliz, mas já estava à espera deste resultado”.
Como disse tinha toda a confiança nos seus trabalhos. “Faço música com corpo e alma. E quando faço música entrego-me à música, porque a música tem uma mensagem a transmitir e um valor acrescentado quando sabes descodificar a sua mensagem”.
“Parabenizo a SOCA, porque eu estava cheio de músicas na gaveta e hoje em dia, encontrar pessoas para materializar a tua música é muito difícil, porque a geração mais nova quer fazer outros géneros. Não sou contra, porque temos espaço para tudo em Cabo Verde e não podemos desvalorizar os gostos”, realça.
Por outro lado, frisou que a coladeira é um gênero musical que está a cair no esquecimento. “Temos gêneros musicais que estão a cair no esquecimento, como é o caso da coladeira. Na morna há todo o esforço, porque já é património mundial, mas os outros gêneros musicais sobretudo a coladeira estão a cair no esquecimento, é bom valorizá-la”.
“Música cabo-verdiana precisa de mais valorização”
Para o cantor, há eventos no país que dizem que estão a valorizar a nossa música, mas que no fundo isso não está a acontecer. “Temos os Cabo Verde Music Awards (CVMA) e outros eventos que é uma confusão tremenda. Quando dizem que os CVMA pretende proteger e valorizar a música de Cabo Verde, não concordo com isso até certo ponto, porque à volta do evento há vários produtores que são empresas e o objectivo das empresas como sabemos é o lucro”.
“As câmaras municipais têm estado a pecar muito, porque antes a festa do município era cultural, mas actualmente a festa do município se resume ao festival. As câmaras municipais procuram o financiamento e colocam aquele montante nas mãos dos produtores e que levam os seus artistas para o palco”, critica.
Para George Tavares quando assim é, a ilha não ganha nada. “E os produtores quando recebem aquele montante vão dividi-lo ao meio, uma parte para a sua empresa e outra para os artistas”.
O Prémio
O Grande Prémio Musical Luís Rendall tem como objectivo valorizar as músicas tradicionais cabo-verdianas. Segundo o regulamento, o concurso visa homenagear o músico e compositor Luís Rendall e estimular a divulgação da música tradicional cabo-verdiana: morna, coladeira, funaná, batuque e talaia baxu.
Além do anúncio dos vencedores do concurso Grande Prémio Musical Luís Rendall, o presidente da SOCA aventou a possibilidade dos restantes concorrentes integrarem um CD colectivo no qual poderão participar com uma das músicas concorrentes.
De acordo com o regulamento, o montante disponibilizado para a edição do CD é no valor de mil contos. A tiragem do CD será de 500 exemplares, sendo que o autor ficará com 400.
O regulamento indica que o lançamento do CD está previsto para o mês de Fevereiro próximo, no quadro das comemorações do 19º aniversário da SOCA.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1154 de 10 de Janeiro de 2024.