A Independent Curators International apoia o trabalho dos curadores para ajudar a criar comunidades artísticas mais fortes através da experimentação, colaboração e envolvimento internacional.
Segundo o ICI, a investigação de Irlando Ferreira procura analisar e documentar o papel das artes visuais na formação e afirmação da identidade cultural de Cabo Verde pós-independência; como escreveu o líder independentista Amílcar Cabral: “A luta de libertação é antes de mais nada um acto de cultura”.
“Centrando-se em três artistas – Manuel Figueira, Luísa Queirós e Bela Duarte, que juntos formaram a Cooperativa Resistência ou A Resistência Coletiva – o projecto irá descobrir como o trabalho destes criativos para pesquisar, preservar e revitalizar a cultura popular cabo-verdiana na década de 1970 lançou as bases para uma nova realidade estética e política no país”, indica.
A mesma fonte frisou que a investigação de Irlando também ligará as narrativas cabo-verdianas a discussões mais amplas em todo o continente africano e no Sul Global. “Profundamente enraizada na complexa história de Cabo Verde como colónia portuguesa e centro do comércio transatlântico de escravos”.
Este ano, a ICI vai trabalhar e apoiar as práticas dos curadores: Irlando Ferreira (Cabo Verde), Eduardo Carrera (Pensilvânia), Dean Daderko (Missouri) e Jason Garcia (Novo México), cujos projectos oportunos e inovadores estão impulsionando o campo curatorial.
Natural de São Vicente, Irlando Ferreira trabalha no sector das artes e cultura através da investigação e prática interdisciplinar, com foco na curadoria, programação e gestão cultural.
Em reconhecimento ao impacto do seu trabalho no continente africano, em 2020, foi distinguido como um dos 40 pensadores mais influentes em África com menos de 40 anos pela Apollo – The International Art Magazine, Londres.
Em 2022, foi distinguido como uma das “100 Personalidades Negras Mais Influentes na Lusofonia” pela Bantumen.
Entre 2015 e 2023, actuou como director e curador-chefe do Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design (CNAD). Sob a sua liderança, impulsionou novos rumos para as políticas e gestão cultural de Cabo Verde; o CNAD recuperou o estatuto de instituto público com equipamentos culturais únicos e modernizados, incluindo museu, biblioteca e centro de investigação, centro de formação e armazenamento de colecções.
Irlando Ferreira coordenou também a equipa de investigação para criar e implementar o quadro legal do sector das artes e ofícios nacional (2018-2021), Cabo Verde.
Com base em práticas curatoriais inovadoras, estruturou uma programação artística interdisciplinar regular e foi curador de diversas exposições, nomeadamente “Ilha em IV Atos de Luísa Queirós”, “Arkipélg de Carlos Noronha Feio”, “Cordas - Tapeçaria de Cabo Verde” e co-curadoria “Cabo- Criação Verdeana: Rotas” com Adélia Borges no CNAD.
Licenciado em Teatro e mestre em Gestão e Estudos Culturais, é autor do livro ‘Cabo Verde, Economias Criativas: Quais os Benefícios para o País? Ele também é editor de vários livros e catálogos.
Adicionalmente, participou activamente no Manifesto “Cultura para o Futuro”, uma iniciativa da União Europeia realizada em Bruxelas (2019), e no “Fórum Internacional de Ambição de Cabo Verde 2030”, promovido pelo Estado de Cabo Verde (2020).