Cantora Gabriela Mendes regressa ao mercado com “Coração di Mundo”

PorDulcina Mendes,15 jun 2024 11:30

Natural de São Vicente, Gabriela Mendes começou bem cedo a cantar, quando descobriu o prazer de interpretar mornas e coladeiras. Depois de vários anos longe dos estúdios, a cantora mindelense surge com “Coração di Mundo”, o seu novo disco composto por nove faixas musicais. Além de cantora, Gabriela Mendes é também guia turístico. O disco já está disponível nas plataformas digitais.

Ao Expresso das Ilhas, Gabriela Mendes disse que o disco foi financiado pelo programa Procultura e que é um projecto que foi concebido juntamente com a Mariventos, empresa criada em 2010 com o principal objectivo de fornecer um serviço criativo, inovador e de qualidade no sector de organização de eventos e serviços culturais.

“Música gera cultura, música gera economia” e culminou na gravação deste CD de música tradicional”, enfatiza a artista.

Quando o projecto foi financiado Cabo Verde já estava em plena pandemia da Covid-19. Foi uma boa notícia para a cantora, num momento em que tudo estava meio complicado, mas mesmo assim Gabriela Mendes começou a escolher os músicos para concretizar o projecto.

“Com aquele financiamento tínhamos que gravar em Cabo Verde e com músicos locais, o que é bom, pois foi a primeira vez que gravei no meu país. Todos os meus anteriores álbuns foram gravados no estrangeiro. O primeiro foi gravado na França, o segundo nos Estados Unidos e o terceiro na Suíça”, recorda.

Gabriela diz que está muito contente com os trabalhos de produção do álbum e agora está à espera de oportunidades para divulgação, promoção e apresentação do disco que conta com arranjos do músico Khaly Angel.

“Sou muito grata por este financiamento, pois senão não seria possível, porque fazer música custa dinheiro. Começamos este projecto na época da pandemia, juntamente com a Mariventos, que me ajudou a conceber o projecto”, realça.

Coração di Mundo é uma coladeira de Tibau Tavares, sendo um dos meus compositores preferidos. Aliás, o título do meu primeiro álbum Tradição é também uma coladeira de Tibau Tavares. Tive oportunidade de ir à ilha do Maio conhecer o Tibau Tavares e saber das composições que ele tinha e que podiam adaptar-se a mim”.

Além de Tibau, o disco traz composições de Amândio Cabral, Teófilo Chantre, Kim Alves e José Marques. O disco é formado por nove faixas musicais, e já está disponível nas plataformas digitais.

O disco já tem um videoclipe do tema Nos terra já açucará que está disponível nas plataformas digitais. Nos terra já açucará é uma coladeira que fala da realidade de São Vicente e de Cabo Verde no geral.

A cantora pretende fazer mais videoclipes do álbum Coração di Mundo. “Como vamos lançar o álbum, faz sentido ter mais videoclipes para acompanhar o disco e dar mais visibilidade”, acrescentando que quer apresentar o disco na ilha de São Vicente, na Cidade da Praia e em outras ilhas se houver interesse”.

Carreira musical

A cantora diz que tem a sensação de que a sua carreira musical está a começar do zero, por considerar que depois da pandemia da Covid muita coisa mudou no mercado da música, no showbiz nacional e no estrangeiro. “Muitas pessoas que trabalhavam na música hoje já não trabalham, casas discográficas já não existem, perdemos muitos contactos e um artista sozinho não pode fazer nada, precisas de manager, produtor e toda a estrutura para conseguires fazer um trabalho, ter um álbum é um grande passo”.

Gabriela Mendes conta que começou cedo na música, ao cantar na igreja. Estudou na Escola Salesiana de Artes e Ofícios, onde saíram grandes artistas do panorama cabo-verdiano como Paulino Vieira, Humberto Ramos, Nando Andrade e Biús.

“Então cantava no grupo coral, depois tornei-me solista do grupo coral, na Paróquia de Nossa Senhora da Luz. Cantava mais na igreja, foi bem mais tarde que entrei na música tradicional, e não é nada assim que posso dizer que escolhi, mas sim as coisas começaram a acontecer naturalmente”, assegura.

Gabriela Mendes revela que às vezes se sente um pouco perplexa, porque não sinto que não fui eu que escolhi a música, mas a música que me escolheu. “Nunca levei a música a sério, gostava mesmo era de cantar, mas depois comecei a ver que a música era importante para mim. E hoje a música é como o ar que respiro”.

Em 2005, lançou o seu primeiro disco intitulado Tradição que lhe abriu as portas do mundo da música. “Fiz vários concertos em muitos países da Europa, Estados Unidos e Canadá. Foram bons tempos, era algo diferente e acredito que foi então mais fácil. Agora as coisas mudaram, em vários aspectos”.

Ambição

Gabriela Mendes sublinhou que quer continuar na música a dar o seu contributo para manter a nossa tradição bem viva.” A minha ambição é estar presente e activo na música, porque quando estou na música sou feliz, faço aquilo de que gosto, sinto-me completo e alimento a minha alma”.

A cantora recorda que a música tradicional actualmente não está com muito espaço nos grandes festivais como no passado. “Canto desde 1998 e já participei nos festivais do Sal, Boa Vista, Baía das Gatas e Gamboa”. “Actualmente é mais a música moderna que está com mais palco, mas acredito que tudo vai para o seu lugar, no seu devido tempo”. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1176 de 12 de Junho de 2024.

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Autoria:Dulcina Mendes,15 jun 2024 11:30

Editado pormaria Fortes  em  15 jun 2024 11:30

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