“Uma das primeiras iniciativas que estamos a desenvolver são as formações que estamos a oferecer. A nossa intenção é também proporcionar estágios e criar uma equipa de trabalho”, revelou Cinzo Gamboa, numa entrevista ao Expresso das Ilhas.
No âmbito do projecto, no próximo dia 19, será realizada uma conversa aberta sobre o tema “Moda Masculina e o seu impacto social e cultural”. Durante o evento, alguns convidados partilharão as suas experiências. “Estarão presentes pessoas da área da moda e outras de fora, para partilhar as suas vivências. Queremos juntar diversas perspectivas, todas com paixão pela moda, para mostrar que ela não se resume a roupas bonitas, mas vai muito além disso”, sublinhou o estilista.
Está também prevista a criação de uma biblioteca dedicada à moda, que em breve estará disponível no seu espaço, contendo uma colecção de livros sobre o tema.
O objectivo do projecto, de acordo com Cinzo Gamboa, é levar o conhecimento da moda à sociedade através de workshops. “Vamos promover pequenas sessões de formação e palestras para educar as pessoas sobre o facto de que a moda vai além do vestuário. A moda é muito mais abrangente”, afirmou.
“Queremos educar as pessoas, especialmente em relação ao vestuário. Os nossos parceiros incluem instituições educacionais como escolas primárias e secundárias, universidades e até jardins de infância, para que possamos dialogar com os alunos e prepará-los para o mercado de trabalho”, explicou.
O estilista acredita que as instituições de ensino são o ponto de partida ideal para as suas acções, para explicar aos estudantes a importância de vestir-se adequadamente para a sociedade. “A moda é vastíssima, existe um estilo para cada pessoa, de acordo com o perfil que deseja adoptar. Devemos vestir-nos conforme a imagem que queremos projectar para o futuro, por isso estamos próximos das escolas, pois este projecto está directamente ligado à sua missão”.
“O nosso projecto vai além de simples desfiles. De vez em quando vamos às escolas para realizar palestras e conversas abertas, para mostrar que a moda não se limita a desfiles. Quando falamos de colecção, estamos a contar uma história”, destacou.
Cinzo Gamboa também reforçou a importância das instituições estabelecerem um código de vestuário para os seus funcionários, uma vez que cada colaborador representa a imagem da instituição. “As instituições devem garantir que os seus colaboradores estejam bem apresentados, até nos uniformes, que devem estar bem cuidados e lavados”, frisou.
Para Cinzo, as escolas são o lugar ideal para começar a promover o seu projecto “Educando através da Moda”. “Com as sessões de formação que vamos realizar no nosso espaço, que funcionará como um laboratório, vamos ensinar todos os aspectos relacionados com a moda, incluindo corte e costura e design, com o objetivo de atrair mais pessoas para o projecto, criando parcerias com outros designers e agências de modelos”, afirmou.
Além das escolas, o estilista também pretende envolver outras instituições no seu projecto, especialmente aquelas ligadas à gestão e ao empreendedorismo. “A nossa ideia não é focar apenas em Cinzo Gamboa, mas sim em ‘djunta mon’ (unidade), porque como costumo dizer, este é um projecto de Cabo Verde, não é só meu, mas de todos, e estou a dar-lhe vida”, disse.
Cinzo Gamboa afirmou que o projecto está a avançar, com ou sem apoio financeiro, pois acredita que nem tudo se resume ao financiamento. “Quem quiser apoiar, estamos de braços abertos para receber. Para aqueles que preferem apenas assistir, está tudo bem. No entanto, se tivéssemos um parceiro financeiro, o projecto teria uma logística mais eficiente e conseguiríamos alcançar mais pessoas, inclusive em outras ilhas”, comentou.
Desfile
No âmbito das comemorações dos 30 anos do Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), realizado na passada sexta-feira, 8 de Novembro, aconteceu o desfile da marca Cinzo Gamboa, que incluiu a participação da comunidade LGBTQIA+. Para Cinzo, o desfile representa o compromisso da sua marca com o desenvolvimento da moda nacional, promovendo, ao mesmo tempo, a inclusão e diversidade.
“O desfile de sexta-feira faz parte do nosso projecto, pois defendo uma moda inclusiva. Tivemos modelos transexuais e travestis, pois a nossa intenção é mostrar que, independentemente da condição social ou de género, todos podem ser modelos”, explicou o estilista.
Evento Anual
Dentro do seu projecto, Cinzo Gamboa planeia criar uma semana anual de moda, que permitirá expor o trabalho de diferentes criadores e destacar as equipas envolvidas. “O objectivo é criar um evento que una modelos internacionais e iniciantes no mercado da moda, para uma troca de experiências sobre os desafios que podem enfrentar no futuro”, revelou.
Cinzo explicou ainda que o seu projecto é essencialmente educacional, com foco em workshops e palestras. “Estamos a pensar em realizar um evento anual, porque já temos o Cabo Verde Fashion Week, que gostaria que voltasse”, concluiu.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1198 de 13 de Novembro de 2024.