O secretário-geral da Associação de Chefs de Cabo Verde, Carlos Morgado, revelou em entrevista ao Expresso das Ilhas que, no ano passado, foi possível levar quatro chefs ao festival. Este ano, contudo, a participação foi reduzida a dois chefs devido à falta de apoio do Instituto do Turismo.
“Este ano não conseguimos o apoio do Instituto do Turismo. Tivemos apenas o suporte da organização do evento e dos próprios chefs que participarão. Por isso, só conseguimos levar dois chefs: um é a gerente do Quintal da Música, Alia dos Santos, e o outro é do novo bar-restaurante da nossa associação, situado na Rua Pedonal, na Ilha do Sal. Infelizmente, não foi possível incluir mais participantes”, explicou Morgado.
O responsável reforçou que, embora houvesse vontade de levar mais chefs, as limitações financeiras tornam a participação de uma delegação maior inviável. “Gostaríamos de levar mais quatro ou cinco, mas a viagem é dispendiosa, além de todo o processo logístico e os materiais necessários para a confecção dos pratos. Com o apoio limitado da organização e recursos próprios, foi impossível expandir a equipa”, lamentou.
Apresentação de finger foods
Cada chef representará Cabo Verde com três finger foods, adaptados à expectativa de um público de cerca de 40 mil pessoas durante os dois dias do evento.
“Vamos apresentar pratos que destacam a nossa tradição gastronómica: atum fumado, percebes de São Nicolau, queijo de cabra com papaia, cachupa guisada com ovo, xerém com atum e búzio. Estes são os finger foods que irão representar Cabo Verde em Lanzarote”, adiantou Morgado.
Para o secretário-geral, este festival é uma oportunidade significativa para promover a gastronomia cabo-verdiana. No ano passado, os pratos apresentados surpreenderam tanto o público quanto os chefs de renome internacional. “A nossa apresentação foi muito bem recebida. Não só pelo sabor, mas também pela qualidade, apresentação e textura dos pratos, ao nível dos melhores chefs com estrelas Michelin presentes no evento”, relembrou.
Carlos Morgado sublinhou que o sucesso inesperado motivou a organização do festival a convidar novamente Cabo Verde para a edição deste ano. “No ano passado, tivemos de improvisar, levar os produtos nas malas e cozinhar até altas horas para estarmos prontos no dia seguinte. Este ano, graças à melhor organização, já enviámos uma lista de produtos necessários, como cebola, batata e alho, que já estão adquiridos no local. Levaremos apenas ingredientes típicos, como atum, percebes, xerém e milho”, garantiu.
Objectivos e desafios
A Associação de Chefs Cabo Verde tem como objectivo promover a gastronomia do país, inserindo-a num turismo de maior qualidade, mais sustentável e atractivo. Morgado destacou que, para o futuro, a associação pretende criar sustentabilidade financeira, reduzindo a dependência de apoios externos.
“Queremos trabalhar para que a nossa participação em eventos como este não dependa exclusivamente de ajudas do Governo ou de empresas. No entanto, se houver disponibilidade de apoio, estaremos abertos, mas não será um factor limitante para continuar a promover a gastronomia cabo-verdiana”, concluiu.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1199 de 20 de Novembro de 2024.