Os temas do novo álbum serão interpretados pelos artistas Yalcine Rosa, Mindela Soares, Quirino do Canto, Arlindo Rodrigues e Michel Andrade.
Ao Expresso das Ilhas Pedro Cardoso revelou por que optou por deixar a interpretação das suas composições a outros artistas ainda que bem conhecidos na cena musical cabo-verdiana. “Eu sou mais compositor que cantor. Por isso quase não canto muito em espaços públicos, apenas em estúdio”.
Aliás, Pedro Cardoso anunciou para muito brevemente o lançamento na comunicação social de um concurso de vozes que terá periocidade anual para as pessoas conhecerem as suas composições, pois os seus 51 títulos foram gravados quando vivia ainda nos Estados Unidos e por isso não foram suficientemente divulgados em Cabo Verde.
“Neste concurso de vozes são convidados todos os artistas a interpretarem as minhas músicas. No final do concurso haverá um jurado que atribuirá o primeiro, o segundo e o terceiro prémios entre os participantes. Estou a pensar dotar o prémio para o primeiro prémio com cinquenta mil escudos, o segundo com trinta mil escudos e o terceiro com vinte mil escudos. O concurso decorrerá no meu espaço Sodadi Rest Club, em Terra Branca.
A ideia, conforme explicou, é reatar a antiga tradição dos concursos de vozes que havia em Cabo Verde, como Todo o Mundo Canta, que serviram de rampa de lançamento de carreiras de muitos artistas hoje consagrados na cena musical cabo-verdiana. “A minha ideia não é fazer apenas concursos de vozes, mas também penso fazer nos próximos tempos concursos de grupos de dança. Como nos Estados Unidos eu era grande promotor de música e dança quero agora aqui em Cabo Verde dar continuidade e estes projectos. Por isso criei aquele espaço Nova Sodadi Rest Club em Terra Branca com capacidade para mais de trezentas pessoas”.
O projecto
Nascido em São Lourenço, na ilha do Fogo, em 1953, aos 18 anos Pedro Cardoso troca a sua ilha natal pela Cidade da Praia, onde se deu, no período preparativo para a intendência nacional, a sua iniciação musi- cal ao compor uma música revolucionária.
Mas a sua verdadeira décolage musical deu-se nos Estados Unidos para onde imigrou em 1978. Neste país lançou um EP, dois LPs e um CD, todos gravados em Lisboa, para onde se deslocava para gravar com Paulino Vieira.
Foi também nos Estados Unidos que o cantor e compo- sitor descobriu a sua outra veia cultural, criando os grupos de dança e teatro: Kolá das Ilhas; Morabeza das Ilhas; e Prima das Ilhas, tendo sido também fundador e mentor do Grupo Artístico Cultural e Informativo da Comunidade.
Além das actividades ligadas à música e dança, Pedro Cardoso formou nos Estados Unidos uma equipa que produziu entre 1994 e 2006 o programa televisivo Sodadi de Cabo Verde, transmitido por um canal de TV a cabo. Moderou também durante 12 anos o programa radiofónico A Voz das Ilhas. O objec- tivo dos dois programas era de manter a comunidade cabo-verdiana de New Haven, Bridgeport e Waterbury ligada às suas raízes crioulas.
Regresso ao país natal
Em 2006, resolve largar o seu trabalho numa grande companhia americana produtora de plástico para vir viver na Cidade da Praia.
“Ganhava muito dinheiro, mas deixei tudo e vim viver em Cabo Verde. As pessoas disseram-me: tu já estás na idade de reforma e deixas tudo para ires viver em Cabo Verde. Acontece que eu já tinha meus planos feitos, tinha construído o meu prédio e aberto os meus negócios em Terra Branca, na Praia. Tenho uma discoteca chamada Clube Sodadi, tenho uma residencial chamada Nova Sodadi. Tenho um outro espaço com capacidade para acima de trezentas pessoas chamado Nova Sodadi Rest Club. Tenho um restaurante chamado Restaurante Nova. Construí estes espaços em 2006, quando vim viver em Cabo Verde, 15 anos antes de me reformar. Felizmente tudo correu bem”, enfatiza.
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Discografia
Entre 1981 e 1993, Pedro Cardoso gravou quatro discos: Capital do mundo, EP, ed. de autor, Bridgeport, 1981; Pedrim d’Nova, LP, ed. de autor, Bridgeport, 1983; Meu país não é verde de plantas, LP, ed. de autor, Lisboa, 1986, e Tudo ta volta, CD, ed. de autor, Bridgeport, 1993.
Após uma prolongada pousa de quase 25 anos, Pedro Cardoso voltou aos estúdios em 2017 para gravar Benfica é o maior.
Além do anunciado disco para o mês de Julho, Cabo Verde, a Menina dos meus Olhos, Pedro Cardoso já tem mais dois álbuns na forja: Mamãe Nova, dedicado à sua mãe; e Quero ser a Terra do teu Solo, dedicado a Cabo Verde que serão editados no próximo ano.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1211 de 12 de Fevereiro de 2025.