Fernando Rosas, Lídia Jorge e Mário Lúcio Sousa defendem o combate ao fascismo

Mário Lúcio, Lídia Jorge e Fernando Rosas, em São Paulo
Mário Lúcio, Lídia Jorge e Fernando Rosas, em São Paulo

Na primeira mesa da programação oficial d’A Feira, no Brasil, os três autores criticaram o desejo de retorno ao passado colonial por grupos radicais conservadores portugueses

Na primeira mesa da programação oficial d’A Feira, 50 Anos de Liberdade, que aconteceu às no Auditório Armando Nogueira, em São Paulo, o cantor, compositor e poeta cabo-verdiano Mário Lucio Sousa, e o historiador português Fernando Rosas e a escritora portuguesa Lídia Jorge, defenderam o estudo da História para combater a extrema-direita.

O fascismo do passado e do presente, a colonização portuguesa no continente africano e a ascensão da extrema-direita na Europa e no mundo foram os temas principais da conversa mediada pelo historiador Francisco Martinho.

A Revolução dos Cravos, que ocorreu em Portugal em 25 de abril de 1974, foi uma data relembrada pelos três convidados como um marco na luta anticolonial.

“O sistema colonial acaba, mas não a ideologia desse sistema. […] Há uma ideologia colonial profundamente enraizada. Pessoalmente, acho que existe uma espécie de racismo estrutural na sociedade portuguesa”, comentou o historiador Fernando Rosas, citado pela publicação independente Quatro Cinco Um. “A extrema-direita internacionalmente reemerge em força nos países europeus. Um dos seus grandes lemas é exatamente o tema da grandeza colonial, do passado heroico, do racismo, da política antimigração. Todos os valores da ideologia colonial são restaurados. A extrema-direita em Portugal é neocolonialista, racista, xenófoba, e isso expõe um enraizamento profundo dessa realidade da sociedade portuguesa.”

Já a escritora Lídia Jorge defendeu que se deve olhar de forma crítica para o passado do seu país, ainda que isso possa causar incómodos no presente. “Os dias atuais mostram que vale a pena mexer nessa ferida que dói, voltar na História e perceber que há elementos de continuidade, que a História é ondulatória. Tudo que está acontecendo hoje [em relação à ascensão da extrema direita] não é uma interpretação subjetiva, é resultado concreto da realidade dos factos. Várias regiões do globo querem de novo ser donos do mundo e até Portugal quer voltar a ser grande, inclusive [voltar] a esse passado colonial.”, refere a mesma fonte.

“É muito difícil para quem andou cinco séculos a falar e nunca ouvir, de repente começar a ouvir. Mas é preciso o exercício da escuta. Porque é nos pontos de vista que se complementa a História”, contrapôs o autor cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa. “Sempre ouvimos, lemos e aprendemos essa narrativa, e para termos um sentido crítico da própria existência, percebemos que essa narrativa é uma parte da História. É preciso de outra narrativa. E agora estamos como produto da liberdade exatamente a expressar qual é o nosso ponto de vista, como vivemos a colonização do lado de lá, como foi a descolonização, a libertação e as independências.”

A quarta edição d’A Feira do Livro 2025 acontece de 14 a 22 de Junho, na praça Charles Miller, no Pacaembu. 

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Autoria:Expresso das Ilhas, Quatro Cinco Um,15 jun 2025 13:44

Editado porJorge Montezinho  em  16 jun 2025 14:20

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