O lançamento acontece por ocasião dos 50 anos da Independência de Cabo Verde e, segundo Luís Firmino, o tema surge como um gesto simbólico de reflexão e continuidade.
“A canção, da autoria de Manel d’Novas, ganha nova vida nesta interpretação que cruza tradição e futurismo. Nesta versão, que atravessa gerações, reafirma-se um compromisso com Cabo Verde, transportando a memória viva da luta pela liberdade para os dias de hoje, uma mensagem de consciência crítica e de afirmação cultural, intemporal”, refere o músico.
A mesma fonte sublinha que este single marca também a reedição artística de Tony Lima, uma figura histórica que, há 50 anos, empunhou a música como ferramenta de revolução com o grupo teatral Kaoguiamo e o tema emblemático “Amílcar Cabral (bu mori sedu)”, do qual é autor e intérprete.
“Ao longo da sua vida diplomática, António Pedro Monteiro Lima, Tony Lima, manteve a música como extensão do seu pensamento estratégico, político e cultural na construção de um país insular mais justo, digno e respeitado”, acrescenta.
Luís Firmino relata que, após uma carreira notável, incluindo o cargo de Embaixador e Representante Permanente de Cabo Verde junto das Nações Unidas, Tony Lima regressa à arte com o mesmo espírito combativo e poético, agora de mãos dadas com uma nova geração de músicos comprometidos com o resgate e a reinvenção da música tradicional cabo-verdiana.
O colectivo Acácia Maior, com um olhar profundamente enraizado na cultura e nas vivências de Cabo Verde, e conhecido por trabalhos como o álbum “Cimbron Celeste”, imprime nesta colaboração uma visão contemporânea e ousada. “O grupo continua a construir pontes entre o passado e o futuro, entre a ilha e o mundo, entre a raiz e o cosmos”.
Esta colaboração, conforme o músico, marca o início de um novo ciclo, com a preparação de um álbum que acompanhará a trajectória e celebrará a grande voz de Tony Lima, enquanto intérprete e observador atento do seu tempo, abordando temas como a dignidade humana, a luta contra a alienação neocolonial, a identidade diaspórica e a urgência de uma nova consciência colectiva do mundo.
“Esta nova versão de ‘Nha Armôn’ celebra um abraço entre gerações que, separadas por 50 anos de história, se reencontram no desejo comum de iluminar a ‘inteligência dos filhos’ de Cabo Verde e de continuar a lutar por uma liberdade que ainda precisa de ser conquistada, defendida e consolidada na mente e na cultura”, conclui .