Nesse que foi o primeiro de dois concertos seguidos no mesmo espaço, Mário Lúcio e a Orquestra Gulbenkian, apresentaram um “show” marcado por uma mescla de música cabo-verdiana e a erudita, numa verdadeira convergência de sonoridades culturais.
Violinos, violas, violoncelos, contrabaixos, flautas, oboés, clarinetes, fagotes, trompas, trompete e percussão foram os instrumentos que constituíram a Orquestra Gulbenkian, enquanto maestro com a maestria em que Rui Oliveira partilhou as suas responsabilidades com a maestra do coro Gulbenkian, Inês Tavares Lopes, para o gáudio da plateia.
O público foi brindado, na abertura do espectáculo com um verdadeiro show da melodia “Ó Serpa”, de Eurico Carrapatoso, que, serviu de prelúdio para que Mário Lúcio tivesse uma entrada, deveras triunfal, interpretando canções da sua autoria como Zita, Vem amor vem, Nha Bio, Ilha de Santiago, Lua Cheia e Hino à Gratidão, numa primeira parte deste certame.
Sempre ovacionado pela multidão, Mário Lúcio deixou a segunda fase do espectáculo para homenagear compositores eternizados como B. Leza, Ano Nobu, Francisco Fragoso/Djirga, Eugénio Tavares e Antero Simas, com melodias como Morgadinha, Oh Linda, Sorriso de Nha Cretcheu, Força de Cretcheu e Doce Guerra.
Para além das dezenas de músicos da orquestra Gulbenkian, Mário Lúcio reforçou o colectivo com artistas de referência no panorama musical cabo-verdiano, como Manel de Candinho (violão), Afrikanu (cavaquinho) e Elísio Faria (percussão), sob a coordenação-geral de Mano Preto, enquanto a produção foi assegurada pela dupla Guita Ortet/Madair Freire.
Com a duração de pouco mais de uma hora, o show de Mário Lúcio e a Orquestra Gulbenkian surpreendeu o público, não só pela qualidade dos artistas, no manejo dos seus instrumentos, mas também pela forma como os coristas portugueses entoaram com muita à vontade a língua crioula.
Também subiram ao palco intérpretes como Teresinha Araújo e Tété Alhinho, que outrora constituíram o agrupamento musical Simentera, fundado por Mário Lúcio, e artistas da nova geração como Zú e Lúcio Cardoso.
Mário Lúcio, no final, manifestou a sua gratidão e o sentimento do dever cumprido, pela concretização de mais este objectivo, enalteceu a presença do público, enquanto opresidente da orquestra destacou a forma como neste mundo intenso em sentimento, numa cultura intensa como a cabo-verdiana a Fundação Calouste Gulbenkian vem colaborando com Cabo Verde em sectores diversos.
A Orquestra Gulbenkian, assegurou, se sente grata por se associar às celebrações do 50.º aniversário da independência de Cabo Verde.