A informação foi avançada esta quarta-feira, 8 de Outubro, pela Imprensa Nacional de Cabo Verde, numa nota enviada.
Segundo o júri do Prémio, constituído por Manuel Brito-Semedo (Presidente), Maria de Fátima Fernandes e Paula Mendes, trata-se de uma obra com solidez narrativa e intensidade literária. “A obra acompanha a trajetória de Djarbás Gervásio de Sá Dorlenes, jovem de Fontarém, na ilha do Fogo, num período conturbado da história recente de Cabo Verde”.
O júri realça, ainda, a forma como a obra conjuga memória, mito e política, criando um fresco narrativo que ultrapassa o mero registo realista, elevando-se a um espaço de reflexão simbólica sobre identidade, liberdade e pertença. “É esta pluralidade de vozes e a capacidade de dar corpo ao desencanto e ao sonho que tornam Djarbás da Fontarém um texto com um notável encontro de qualidades literárias”.
A Imprensa Nacional de Cabo Verde conta que nesta edição do Prémio Arnaldo França foram submetidos a concurso 32 textos originais, cuja qualidade global foi enaltecida pelo júri, sublinhando a “vitalidade e diversidade da criação literária que se expressa nas múltiplas vozes concorrentes”.
O autor vencedor nasceu na Ilha do Fogo, e mudou-se em criança com os pais e irmãos para a cidade da Praia, onde estudou até viajar para os Estados Unidos da América. Foi ali que prosseguiu os estudos superiores e iniciou um percurso no cruzamento entre a ciência, o ensino e a criação literária.
Formado em Engenharia Eletrónica pelo Wentworth Institute of Technology (WIT), o trabalho desenvolvido em empresas de vanguarda com fortes ligações ao meio académico levou-o a ingressar no programa de mestrado em Engenharia Física, que mais tarde o conduziu ao doutoramento em Matemática Aplicada pela Universidade de Harvard.
A sua formação decorreu em estreita colaboração com o Lincoln Laboratory do Massachusetts Institute of Technology (MIT), a Harvard University e a Boston University, instituições que marcaram profundamente a sua trajetória profissional e pedagógica.
Claudino Henriques Veiga trabalhou durante vários anos como engenheiro em empresas associadas ao MIT e à NASA, participando em projetos inovadores ligados à engenharia aeroespacial e ao desenvolvimento das linguagens HAL/S e Ada.
Dedicou-se ainda à vida académica por várias décadas, lecionando na Boston Latin School (BLS), na Northeastern University e na Boston University.
Além dos cinco mil euros que correspondem ao valor pecuniário do Prémio, o autor agora distinguido terá o seu trabalho publicado pela editora pública portuguesa, a Imprensa Nacional.