​Presidente da República pede reflexão sobre a força da literatura na consolidação da lusofonia

PorDulcina Mendes,17 out 2025 14:56

O Presidente da República, José Maria Neves, que presidiu na tarde desta quinta-feira, 16, na cidade da Praia, à cerimónia de abertura do XIII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa (EELP), pediu uma profunda reflexão sobre a força da literatura na consolidação da lusofonia e na nossa construção identitária.

Segundo o Chefe de Estado, no ano em que Cabo Verde celebra o Cinquentenário da sua Independência, o encontro ganha um significado particularmente simbólico. “A literatura foi, desde sempre, um dos alicerces mais sólidos da nossa construção identitária”.

José Maria Neves lembrou que, nas páginas de autores como Eugénio Tavares, Baltasar Lopes, João Vário, Germano Almeida e Arménio Vieira, a consciência nacional encontrou expressão e afirmação.

O presidente destacou ainda que, ao longo da história, a literatura cabo-verdiana transformou a escassez em criação, o isolamento em universalidade e a insularidade em abertura ao mundo, projetando a alma das ilhas para o espaço vasto da Lusofonia e do mundo.

“A lusofonia é hoje mais do que um legado histórico: é um projecto civilizacional em permanente construção, um espaço onde o diverso se reconhece no diverso, onde a diferença não separa, mas fecunda, e onde cada povo imprime o seu timbre, o seu ritmo e o seu silêncio”, afirmou o Chefe de Estado.

Ao evocar os 500 anos de Luís de Camões, José Maria Neves salientou a actualidade da herança do poeta que “fez da língua um instrumento de universalidade, da palavra, expressão, e da arte, caminho de transcendência”.

O Presidente da República abordou também os desafios contemporâneos da criação artística e literária, nomeadamente o impacto da inteligência artificial.

O Chefe de Estado considerou que, embora a tecnologia represente um avanço fascinante, ela também suscita inquietações sobre o futuro da arte e da literatura. “As máquinas aprendem a narrar e os algoritmos reproduzem estilos, mas é preciso perguntar: o que será da arte quando o cálculo quiser ocupar o lugar do enigma?”,.

Para José Maria Neves, a literatura deve continuar a ser “guardiã da alma e da sensibilidade humana”, preservando “o mistério e a beleza que nenhuma máquina poderá traduzir”.

Neste sentido, defendeu que a técnica precisa da luz da ética, da cultura e da sabedoria “para não se tornar instrumento da alienação”.

O XIII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa decorre até este sábado, 18, na cidade da Praia, sob o tema “Independência, Literatura, Inteligência Artificial”,

O evento é organizado pela UCCLA em conjunto com a Câmara Municipal da Praia. 

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Autoria:Dulcina Mendes,17 out 2025 14:56

Editado porAndre Amaral  em  17 out 2025 15:45

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