A distinção, que integra um conjunto de homenagens promovidas no âmbito das comemorações do Cinquentenário da Independência de Cabo Verde, assinalado ao longo de 2025, visa reconhecer o contributo destes grupos para a preservação e valorização do Carnaval cabo-verdiano.
Segundo o decreto, a luta pela libertação e afirmação nacional não se fez apenas pelas armas: foi também conquistada através da resistência cultural e intelectual, que despertou nas consciências a necessidade de afirmar a identidade do povo das ilhas.
“Neste percurso, a ilha de São Nicolau contribuiu de forma decisiva para a afirmação cultural e intelectual do povo cabo-verdiano. Albergando uma das instituições mais importantes da história intelectual de Cabo Verde, o Seminário de São José, mais tarde Seminário-Liceu de São Nicolau, a ilha de Chiquinho, o principal centro de formação de quadros cabo-verdianos, que viriam, posteriormente, a participar na luta de libertação nacional e reconstrução do país”, sublinha.
Além do contributo intelectual, frisou que São Nicolau contribuiu, igualmente, para o enriquecimento do panorama cultural cabo-verdiano, fornecendo produções artísticas de manifestações variadas, como a música e tradição oral, a dança, o Carnaval, a literatura e produções intelectuais.
Conforme o decreto, Carnaval em Cabo Verde é mais do que uma mera festividade, é uma expressão cultural profundamente ligada ao processo de modernização do arquipélago, e que reflecte as transformações sociais e culturais das ilhas. “A sua difusão em Cabo Verde, nos finais do século XIX e inícios do século XX, a partir do Brasil, espaço onde recebeu influências das culturas africanas e indígenas, deveu-se, sobretudo, à dinâmica do Porto Grande”.
A mesma fonte lembra que inicialmente o Carnaval era celebrado em bailes de máscara, com músicas que soavam do Brasil, rapidamente saiu para a rua com os desfiles improvisados, brincadeiras como os assaltos e blocos, animados pela algazarra dos tambores e cornetas.
“Mas, através do toque artístico dos nossos músicos, coreógrafos, costureiras, artistas plásticos e voluntários, o Carnaval no arquipélago adquiriu formas próprias e idiossincráticas, ganhando dimensão de festa popular celebrada com grande alegria, espetáculo e folia”, realça.
De acordo com o decreto, em São Nicolau, o Carnaval é reconhecido pelos ritmos e feições peculiares, danças, fantasias e rufar dos tambores dos seus grupos carnavalescos.
“Num estilo tradicional mui peculiar, a ilha de Chiquinho tem contribuído enormemente para o desenvolvimento desta manifestação popular em Cabo Verde, apresentando com as suas produções a autenticidade do Carnaval cabo-verdiano e a expressão da nossa cultura e tradições locais, para além de satiricamente alertar para aspectos essenciais da história e da sociedade cabo-verdiana e das suas gentes”, destaca.
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