Comandado tecnicamente pelo português José Tomás, o combinado cabo-verdiano entrou nesta montra como “outsider” na condição da equipa convidada, mas terminou o 24º Campeonato Africano das Nações, como a equipa revelação. Teve um saldo de quatro vitórias alcançadas sobre os Camarões (22-19), Costa do Marfim (29-26), RD Congo (32-30) e Marrocos (37-28) e três derrotas.
Os desaires foram consentidos frente aos anfitriões da Tunísia (32-21), na jornada de abertura, portanto na fase de grupos ante os Marrocos, com quem jogou duas vezes e Argélia (23-25).
A despedida da selecção cabo-verdiana foi praticamente de consagração, já que Cabo Verde teve de disputar a quinta posição da prova com Marrocos equipa com a qual tinha perdido na segunda fase. Desta, a turma crioula tomou conta do jogo ao mostrar toda a sua superioridade para vencer o jogo por 37-28.
Ao intervalo a selecção cabo-verdiana já vencia os marroquinos por 18-13, pelo que o combinado dos Marrocos terminou esta prova no sexto lugar, logo depois dos crioulos.
O internacional cabo-verdiano Walter Furtado foi eleito o “Player of the Match” (Homem do Jogo).
Com este quadro, a selecção não só terminou a prova no quinto lugar, suplantada apenas pelas equipas nacionais da Tunísia, do Egipto, da Argélia e de Angola, numa prova disputada por 16 países, como assegurou a qualificação para o Campeonato de Mundo de 2021.
Um feito que deixou estupefacta a Confederação Africana de Andebol, CAHB, e a concorrência que se renderam ao andebol praticado pelos cabo-verdianos, fruto de uma selecção constituída praticamente por profissionais que militam no estrangeiro.
O Campeonato Africano da Tunísia’2020 teve como vencedora a selecção nacional do Egipto que destronou os anfitriões da Tunísia na final, ao passo que Argélia completou o pódio, ao bater Angola por 32-27, no jogo para a atribuição do terceiro e quarto classificados.
Federação considera feito “histórico e indiscritível para o país”
O presidente da Federação Cabo-verdiana de Andebol considerou “histórico e indiscritível” a qualificação da selecção nacional da modalidade para o Mundial de 2021, logo na sua primeira participação no CAN.
Nelson Martins disse que toda a comitiva crioula ficou radiante e incrédula com esta prestação e que a caravana estava nas alturas, já que entrou para a maior montra do andebol africano como “outsider”.
Afirmou tratar-se de “um feito extraordinário e enorme para o andebol e para todo o cabo-verdiano”, uma vez que Cabo Verde chegou à Tunísia como “convidado e desconhecido”.
“Penso que todo o cabo-verdiano deve sentir-se orgulhoso deste feito. Com melhor organização desportiva e mais apoios financeiros que faltaram à selecção, mais envolvimento das entidades e instituições nacionais iremos longe. Viemos para a Tunísia com uma única verba do Governo, insuficiente e sem apoio de qualquer empresa”, relatou Nelson Martins, todo emocionado.
Ainda assim, lamentou o facto de a selecção nacional ter viajado para a Tunísia, “sem qualquer respostas dos pedidos enviados às instituições do Estado pelo que, disse, a comitiva crioula esteve “sufocada e a sobreviver, ao passo que as outras selecções tinham todas as condições criadas para um bom desempenho”.
Confirmada a qualificação para o Mundial de 2021, no Egipto, a Federação Cabo-verdiana de Andebol espera agora poder contar com o “apoio necessário que faltou à selecção nesta caminhada”, para poder preparar o colectivo de forma a continuar a representar Cabo Verde com sucessos.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 948 de 29 de Janeiro de 2020.