A conexão entre ambos, era de tal forma vincada que, fora quase uma vida inteira (20 como jogador e 10 como treinador) de amor devoto á modalidade, sempre ao mais alto nível, cabendo-lhe um espaço na narrativa do andebol português e nacional, tendo sido considerado, um dos melhores atletas cabo-verdianos e português de sempre na prática do Andebol.
Com a sua destreza colocada em prol do grupo, conquistara mais de duas dezenas de títulos enquanto jogador e como treinador do clube Sporting Clube de Portugal, projetando então, a modalidade para a ribalta do desporto português.
No diversificado e sublime cosmos do desporto, a profecia cortava lhe qualquer ligação com os campos relvados, pista de atletismo, piscina olímpica, velódromos ou pista de automóveis, ligando-lhe umbilicalmente ao Andebol, desde a nascença, desenvolvimento e morte, jurando amor eterno até onde a vida os levasse.
Com certeza, se houvesse e existisse, no outro plano, o desporto e o andebol, repetiria de novo, a mesma vida, com as mesmas paixões e convicções pela modalidade, como lhe acontecera em terra.
E assim, construíra a história de um dos mais fantásticos desportistas cabo-verdianos da segunda metade do século XX, de denominação Manuel Joaquim Brito.
(Foto de Manuel Joaquim Brito, com a camisola do Sporting Clube de Portugal
Fonte da foto: wiki sporting)
CABO VERDE
Manuel Brito, nasceu no dia 4 de dezembro de 1948, na ilha de São Vicente, onde mais tarde, traçava um futuro fulguroso enquanto atleta. Com 15 anos chegava a Portugal, e logo, ingressou no Sporting Clube de Portugal.
CHEGADA AO SPORTING E A NOTÁVEL POLIVALÊNCIA.
Chegou ao Sporting na época 1964/65, tendo sido enquadrado nos juvenis. O clube verde e branco sempre foi o seu santuário para a devoçãoá modalidade, onde curiosamente, antes de fixar-se numa posição, procurava sobretudo compreender a modalidade.
Conhecia, e bem, todas as posições na quadra desportiva, para além de estudá-las, experimentou todas as posições no terreno á exceção de guarda-redes, para depois se fixar a defesa central.
Devido a curiosidade, ao talento e a visão de Manuel, conquistou muito jovem, a maturidade para que conseguisse, futuramente, singrar-se entre os seniores da equipa A, garantir um espaço na seleção de Portugal e ser distinguido um dia, no panteão do desporto Português e cabo-verdiano.
CARREIRA DESPORTIVA E SELEÇÃO PORTUGUESA
Depois de garantir um lugar na equipa A, consolidou a sua posição no clube, fazendo um caminho repleto de títulos e consagrações. A nível júnior, venceu o título nacional por duas vezes, nas épocas 1965/66 e 1966/1967.
A nível sénior, consagrou-se por 10 vezes campeão de Portugal, em 1967/68, 1968/69, 1969/70, 1970/71, 1977/78, 1978/79, 1979/80, 1980/81, 1982/83 e 1983/1984.
Celebrou ainda a conquista da Taça de Portugal por 5 vezes, em 1971/72, 1972/73, 1974/1975, 1980/81 e 1982/83, agregando ainda 9 títulos de campeão regional de Lisboa.
A EQUIPA MARAVILHA: “OS 7 MAGNÍFICOS”
(fonte da foto: wiki sporting: Os 7 magníficos)
(A brilhante equipa do Sporting Clube de Portugal, apelidado de “os 7 magníficos” na modalidade andebol, pentacampeã portuguesa nos anos de 1969/70, 1970/71, 1971/72, 1972/73. Em cima: Bessone Basto, Adriano Mesquita, Carlos Castanheira, Manuel Marques, José Luís Ferreira e Carlos silva e em baixo: Carlos Correia, Frederico Adão, Manuel Brito, Luís Sacadura, Alfredo Pinheiro e Ramiro Pinheiro)
Entre a época de 1972 a 1973, participou no melhor Sporting de sempre na modalidade, apelidado popularmente por “os 7 magníficos”, fazendo um feito sui generis em Portugal e no andebol português. Conquistou 5 campeonatos nacionais consecutivos, sob o comando técnico de Matos Moura, com um plantel sonante, com alguns nomes como, Bessone Basto (guarda-redes), os irmãos Pinheiro (Alfredo e Ramiro), Adriano Mesquita, Manuel Marques, Carlos Correia e Manuel Brito, sagrando-se assim pentacampeão nacional, proeza até hoje inigualável por nenhum clube português na modalidade.
Foi por 8 anos, um dos pilares da seleção portuguesa, mostrando-se sempre presente quando era convocado para os compromissos europeus e mundiais de Portugal. Foi internacional por 57 vezes, com 48 golos marcados, somando 8 épocas ao mais alto nível representando a seleção das Quinas.
PÓS-ANDEBOL, LÁUREAS E ÓBITO
Em 1983/84, abandonou a carreira de andebolista para dar início a carreira de treinador.
Como treinador, com 37 anos, orientou durante várias épocas a equipa leonina na categoria juvenil, acabando por sagrar-se campeão Nacional em 1984/85 e juniores em 1996/97.
Orientou a equipa sénior por 3 vezes em 3 passagens diferentes, conquistando duas Taças de Portugal (1988/89 e 1997/98) uma Supertaça (em 1998/99) na categoria sénior. Ainda treinou clubes como o Boa-Hora, Caselas, TAP e o eterno rival Benfica.
Ao longo do seu notório percurso, foi distinguido com múltiplos galardões, entre as quais, a Medalha de Mérito do Sporting; Prémio Stromp; Prémio "Rugidos de Leão" e a Menção de Honra do Comité Olímpico de Portugal, pelo fantástico serviço prestado ao desporto luso, sendo também considerado um dos mais notórios interpretes da arte de manusear a bola com as mãos em Portugal no seculo XX.
Viria a falecer, vítima de morte súbita, em Lisboa, onde vivia com a família, na madrugada de 28 de maio de 2011, quando tinha 62 anos de idade, deixando um legado inequívoco e abnegado, perante os olhos da massa social, critica e desportiva.
E assim, construíra a história de um dos mais fantásticos desportistas cabo-verdianos da segunda metade do século XX, de nomeManuel Joaquim Brito!