Anteriormente já teria relatado o jogo de futebol da Primeira Guerra Mundial, conhecido pela “trégua de Natal” e o papel que o desporto teve neste conflito. Contudo, para os nacionalistas a função útil do desporto será para os líderes que procuram propagar um discurso populista nacionalista. A utilização de toda a sua infraestrutura é ideal para encontros em massa e propaganda associada, especialmente como os modernos estádios são normalmente equipados e capazes de acomodar a incluir tecnologia de radiodifusão de ponta.
George Orwell escreveu: “A nível internacional o desporto é francamente uma guerra imitada”. No seu famoso artigo do Tribune, “O espírito desportivo”, datado de 1945, no ano em que a Segunda Guerra Mundial finalmente terminou, e diretamente inspirado pela visita de uma equipa russa de futebol à Grã-Bretanha. A frase mais citada do seu artigo é que, “Mas o importante não é o comportamento dos jogadores, mas a atitude dos espectadores: e, atrás dos espectadores, das nações que se esforçam em fúrias ao longo destes concursos absurdos, e acreditam seriamente — de qualquer forma por curtos períodos — que correr, saltar e chutar uma bola são testes de virtude nacional.”
Contudo, o desporto tornou-se principalmente uma experiência testemunhada através do meio de um ecrã e isso acelerou o processo de internacionalização do desporto, que por si só espelhou o rumo onde o mundo parecia caminhar até há cerca de 10 anos. Foi igualmente uma forma de financiamento do desporto, em quase todos os outros aspetos — pessoal, propriedade, base de fãs — onde o mesmo globalizou-se.
Em termos económicos brutos, os adeptos tornaram-se cada vez menos importantes para os clubes que apoiam ao longo de um período de cerca de 20 anos, mas o ambiente que criam é pensado para acrescentar ao apelo do desporto. Esta situação produziu agora outro fenómeno: o do adepto, cuja visão do mundo tornou-se abrupta e dramaticamente alinhada com os indivíduos ou organizações que por acaso possuem — e financiam — o seu clube, permitindo-lhe ganhar mais jogos.
Embora a internacionalização dos assuntos mundiais estivesse em pleno andamento, o desporto internacional parece desempenhar um papel benigno, mesmo saudável, proporcionando uma saída autónoma para aqueles que ficaram embalados ou inquietos com o aparente descuido da importância do Estado-nação.
Com o nacionalismo — definido por Orwell como “o hábito moderno lunático de se identificar com grandes unidades de energia e ver tudo em prestígio competitivo” — existe o risco de, a menos que sejamos muito cuidadosos, o desporto internacional começar a piorar um pouco as coisas. A julgar pelo seu artigo, Orwell teria pensado que isto era inevitável. É tarefa premente dos principais decisores do desporto a nível internacionais provarem que não é.