Ficou em casa

PorFrancisco Carapinha,8 mai 2022 15:27

Presidente da Federação Cabo-verdiana de Xadrez
Presidente da Federação Cabo-verdiana de Xadrez

Frequentemente vejo-me a citar a “Pedra filosofal” do poeta luso António Gedeão, porque entendo que os sonhos são um dos motores da evolução e progresso.

Se o Homem não sonhasse, provavelmente ainda estaríamos no tempo da idade da pedra.

Foi a partir do sonho que, há seis anos atrás, se constituiu uma Federação Nacional de Xadrez; foi a partir de vários sonhos que se realizaram e houve participação nossa em vários eventos de xadrez; foi a partir de um insistente sonho que, de 22 a 30 de Abril passados, Cabo Verde e o mundo, tiveram oportunidade de assistir, em terras crioulas, a um grande torneio internacional de xadrez a que foi dada a designação de CABO VERDE OPEN 2022.

Ao sonho antigo de realizar uma competição do género, juntou-se a ousadia, necessária para que os sonhos avancem e se tornem realidade.

Depois de duas tentativas falhadas, uma das quais devido ao aparecimento de um bichinho que teima em nos atormentar, finalmente, este ano, conseguiu-se colocar de pé e concretizar-se o sonho da realização deste grande torneio internacional de xadrez.

Durante 9 dias, pela cidade do Mindelo na ilha de S. Vicente, passearam-se Grandes Mestres e Mestres internacionais, campeões de xadrez em Espanha, Portugal, ex-Jugoslávia, França, Angola, Cabo Verde, África, Europa e Mundo. Ao todo, 34 jogadores representando 10 países, durante 9 rondas, disputaram com grande intensidade a maior competição de xadrez realizada, até hoje, em Cabo Verde.

Mas este evento pretendeu ser mais que uma competição desportiva e quis aliar-se á retoma do turismo no nosso país.

Por isso, a organização determinou que haveria uma pausa, a meio da competição, para uma visita a Santo Antão, o que veio a acontecer, com uma excursão preparada e suportada pela Câmara Municipal da Ribeira Grande, que não poupou esforços para que os visitantes e excursionistas sentissem a nossa morabeza.

Objectivo conseguido, ao notar-se as expressões de satisfação e contentamento exibidas pelos visitantes.

Ao fim de 9 rondas bem disputadas, veio a cereja no topo do bolo: o nosso campeonissimo Mestre Mariano Ortega arrebatou o primeiro lugar e o título de Campeão deste CV OPEN 2022 ficou em casa.

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Na classificação geral seguiu-se-lhe o GM brasileiro Yago Santiago e a fechar o pódio o espanhol Gabriel del Rio.

Este OPEN teve também uma boa participação feminina, com 7 participantes representantes de 5 países. No final a venezuelana Tilsia Varela arrebatou o prémio de melhor classificada feminina.

No passado Sábado, com a Cerimónia de Encerramento, caiu o pano sobre este grande e ousado evento que valorizou grandemente o xadrez nacional e o próprio país.

Ainda de referir que o Árbitro Internacional, Carlos Oliveira Dias fez aqui a sua despedida das grandes competições internacionais, sendo alvo de uma pequena e simbólica homenagem por parte da Federação Cabo-Verdiana de Xadrez. Este árbitro português já arbitrou 27 campeões do mundo (de diversas categorias), tendo sido o árbitro do nosso 1.º Campeonato Nacional Individual Absoluto.

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No dia em que escrevo estas linhas, comemora-se o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e por isso não posso deixar de destacar a boa cobertura que os nossos media fizeram do CV OPEN, mesmo denotando-se que os nossos comunicadores têm dificuldade em abordar algumas matérias relativas ao xadrez, talvez pelo facto de desconhecerem de como decorrem e são organizadas as competições da modalidade. Para colmatar esta lacuna parece-me que seria proveitosa a realização duma formação com uma abordagem a estas matérias.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1066 de 4 de Maio de 2022.

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Autoria:Francisco Carapinha,8 mai 2022 15:27

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  9 mai 2022 10:20

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