Patrice Motsepe e a nova política de Estádios da CAF

PorWilliam Vieira,10 mai 2022 8:54

​A 12 de março de 2021, depois de ter ganho as últimas eleições na Confederação Africana de Futebol, e indo ao encontro à promessa nas eleições aos associados, Patrice Motsepe e a sua equipa, decretaram uma nova política de Estádios para o futebol do continente berço.

O multimilionário sul africano, em mesma linha de pensamento de Gianni Infantino, sobre os grandes desafios do continente, pontificou no seu empossamento que um dos pilares da sua governança passava por dar mais atratividade ao espetáculo para o futebol continental e que para isso seriam necessários estádios completamente funcionais e de top mundial.

Motsepe apresentou num dos seus manifestos: 1 estádio top para cada um dos 54 países africanos.

E com razão no meu entender, falava em não ter apenas elefantes brancos, com lucros sazonais, mas sim ter estádios com grande funcionalidade com hotéis, restaurantes, ginásios, espaços comerciais, excelentes balneários e nitidamente, todos os recintos teriam de dispor de uma excelente condição de segurança para preservar os eventos e a imagem da competição.

Como é sabido pelos mais atentos sobre o futebol do continente, o grande dilema da CAF está estribado na sua falta de competitividade na venda dos direitos televisivos em relação aos outros blocos continentais.

Para elucidar os mais descuidados, esta Confederação é antes de mais uma organização e que para funcionar é preciso de ter uma forte oferta, pois é através da venda que consegue pagar quer os clubes como as seleções e seus funcionários em momentos de competição.

Mas, para que a máquina funcione ela tem de estar com a sua imagem sempre salvaguardada, sobretudo em momentos negociais, tirando mais e melhores dividendos aos compradores do seu produto.

Ultimamente para agravar a situação, a organização teve grandes dissabores especificamente na última CAN, onde ficou marcado pela morte de 8 pessoas e 38 ficaram feridas, numa debandada no Estádio Olembé na capital camaronesa, mostrando que ter vários títulos em África não é sinonimo de boa gestão de infraestruturas desportivas.

E perante estas situações, como conseguem vender o seu produto com estádios de baixo nível de manutenção, segurança e imagem?

Que adepto quererá estar em eventos onde não têm a certeza se saem vivos?

Que empresa vai querer estar associada a eventos com desorganizações, mortes e baixo nível estético dos estádios?

Como comercializar com grandes cadeias televisivas – como por exemplo são os casos da Bein Sports, Sky Sports, Supersports, - uma competição onde a relva não tem os níveis recomendados, as bancadas estão decadentes e na parte exterior do campo estão animais à deriva?

Recordo há alguns anos que a Confederação realizou uma edição da CAN no Gana, no ano de 2008, em baixo de uma praga de gafanhotos. Surreal!

Posto isto, como vender, e a que preço os direitos televisivos da CAF em épocas de Champions League, Copa Libertadores da América, Liga Europa, Liga Sul Americana, Europeu ou a Copa América?

As competições africanas são melhores e mais competitivas? Claramente não! E perante estes condicionalismos reais, reflete nos prémios de jogos em altura das fases pré eliminares e finais das competições.

Meus caros, evidentemente esta organização quer ser mais competitiva, por isso os países africanos têm de ser melhores e todos saem a ganhar. Isto não é recreio, é desporto de alto rendimento!

Por isso, e com razão, foram interditados mais de 20 recintos, como a FIFA havia feito, devido às péssimas condições dos recintos desportivos, deixando a nossa política central e local africana em estado de alerta e reflexão, pois todos os 54 países africanos também fazem parte na melhoria da oferta.

Há que dizer a verdade, isto é negócio! E a CAF não quer ver desvalorizado o seu espetáculo associado a má gestão africana.

Por isso, e bem, na minha opinião, interditou vários estádios, sob pena de continuar num enredo vicioso.

Continua…

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Autoria:William Vieira,10 mai 2022 8:54

Editado porAndre Amaral  em  10 mai 2022 18:07

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