Nesta fase preliminar apuraram-se 3 jogadores para a fase final e, além dos Campeões Regionais, que tinham lugar reservado, foi um torneio aberto a quem o quisesse jogar, dando assim uma nova oportunidade de participação na fase final, aqueles que não conseguiram estar presentes ou não se classificaram nos seus campeonatos regionais.
Há quem questione a realização da Preliminar, opinando que os campeões regionais deveriam estar imediatamente apurados para a final, á semelhança do que é feito, cá em Cabo Verde, noutras modalidades desportivas. Foi nesses moldes que, em 2017, fizemos na primeira edição do CNIA.
À semelhança do que acontece noutras modalidades, em que assistimos a goleadas indignas para a principal com- petição nacional, tivemos, no nosso primeiro Nacional Absoluto, partidas em que a diferença da força de jogo entre os contendores era tão evidente que era confrangedor assistir a estas partidas.
Logo ali percebemos que se queríamos ter um Campeonato Nacional de maior qualidade aquele sistema não favorecia essa pretensão, pois há regiões em que os seus campeões se participassem nos campeonatos de outras regiões ficariam nas posições mais baixas da tabela classificativa.
Consideramos que o sistema que adoptámos para a prova máxima do nosso Xadrez seria o que mais se ajustava aquilo que procuramos ter, ou seja, que o torneio onde é apurado o Campeão Nacional, prime por ser uma competição de qualidade superior e valorize o titulo conquistado. A provar isso, está o facto de poucos serem os Campeões Regionais que se têm conseguido apurar, através da Preliminar, para a Fase Final.
É natural que haja vozes discordantes deste sistema, mas continuo a achar que, perante a nossa realidade, se pretendemos apurar um Campeão Nacional num torneio com alguma qualidade, este é o melhor sistema onde também se minimizam as hipóteses de acontecerem as tais “goleadas”.
Para o apuramento directo dos vencedores Regionais para uma final Nacional temos a Taça de Cabo Verde, competição que esperamos venha a ser fixada anualmente no calendário escaquísitico nacional.
Há ainda quem questione o facto das Fases Preliminares, até agora, terem sido sempre disputadas na cidade do Mindelo. Questão para o qual há uma resposta simples: porque até à edição deste ano ninguém (diga-se Associação ou outra entidade Regional), se candidatou á sua organização. Exceptuando este ano que tivemos 2 candidaturas, uma do Sal e outra de S. Vicente, nunca ninguém demonstrou interesse em realizar esta competição. Os arautos da crítica nunca se chegaram à frente para organizar o quer que fosse, por isso deviam meter a viola no saco em vez de cuspirem impropérios para aqueles que, com parcos recursos, vão conseguindo manter acesa a chama do xadrez nacional e elevar o nome de Cabo Verde no panorama internacional.
Para quem, desde 2017, tem conseguido manter de pé, anualmente, um Campeonato Nacional, que vai adquirindo maior qualidade de ano para ano e que nem a pandemia conseguiu derrubar, só pode ser motivo de orgulho a realização de mais um CNIA.
Mas vamos aos números da Preliminar, em que 25 xadrezistas disputaram os 3 lugares de acesso directo à final do VI CAMPEONATO NACIONAL INDIVIDUAL ABSOLUTO.
A prova, que se disputou nas instalações do Grémio Desportivo Amarante, além de muito cansativa, foi também muito competitiva e no final, José Carlos Vaz, Campeão Regional da Praia e representante da Casa do Benfica, foi o grande vencedor tendo alcançado o pleno: 5 vitórias em 5 partidas.
O Campeão Regional do Sal, Luís Barros (ODERF), classificou-se na 2.a posição.
A fechar o pódio, e os apurados para a Final, ficou Carlos Mões do Mindelense.
Pela primeira vez, numa fase preliminar, foram apurados, para a final, 2 Campeões Regionais, num torneio em que mais de 2/3 das partidas foram transmitidas em directo, através das maiores plataformas mundiais de xadrez.
por Francisco Carapinha, Presidente da Federação Cabo- verdiana de Xadrez
Texto publicado originalmente na edição nº1091 do Expresso das Ilhas de 26 de Outubro