Sabe quem é o português que quer comprar o Banco Internacional de Cabo Verde?

PorNuno Andrade Ferreira,21 jan 2016 7:00

Conhecido enquanto empresário de futebol, o português José Veiga esteve no topo e caiu. Renasceu. Deixou-se de jogos da bola em 2006, tem negócios em oito países africanos e emprega mais de seis mil pessoas. O possível futuro dono do Banco Internacional de Cabo Verde (BICV) não é um empresário qualquer, até pelas relações que foi cultivando.  

 

Há uma década, Veiga, que chegou a agenciar Ronaldo e Figo – para citar apenas dois exemplos – saiu do Benfica, onde era director-geral da SAD, depois de ver os seus bens arrestados, segundo o próprio, por problemas com “uma acção financeira com um banco do Luxemburgo” (antes tinha sido alvo de outras penhoras, por dívidas ao fisco). Abandonou o mundo do futebol e saiu da ribalta.  

Sobre a sua vida nos últimos dez anos, sabe-se que usou a boa rede de contactos de que dispunha para entrar noutros ramos de actividade. Trabalha como empresário e consultor em África e na América do Sul. Vive na República do Congo desde 2009 e embora viaje muito, é lá que tem residência fiscal e onde passa a maior parte do tempo.

Segundo o Diário de Notícias, José Veiga tem actualmente negócios em, pelo menos, oito países africanos e emprega mais de seis mil pessoas.

Está ligado a investimentos no sector energético e exploração de recursos naturais. Congo, Guiné Equatorial, Benim, Nigéria, Costa do Marfim, Togo, Guiné-Conacri e Cabo Verde serão, garante o diário português, países em que tem interesses. Banca e imobiliário são outras áreas de actuação preferencial.

O homem que quer ser dono do BICV está neste momento à frente de dois projectos de construção de 12 hospitais e de seis mil furos de água, ambos no Congo.

Em 2013, Veiga foi notícia nos meios africanos pelo seu envolvimento na construção da primeira fábrica congolesa de tratamento de leite, ligada ao grupo brasileiro Asperbas, no qual ocupa um cargo dirigente. 

De forma algo surpreendente, voltou à imprensa portuguesa em 2014. Na altura, o nome do antigo agente foi por avançado por Pedro Mosqueira do Amaral numa reunião do conselho superior do Grupo Espírito Santo (GES). José Veiga queria, então, colocar 150 milhões nas empresas do grupo. De acordo com a revista Sábado, o dinheiro não seria seu, mas do Presidente do Congo, Denis Sassou-Nguesso, no poder desde 1997, e com quem o empresário mantém relações próximas.

Nesse encontro da cúpula do GES – gravado e entretanto divulgado pelos jornais – teria ficado decida uma proposta para que o dinheiro fosse distribuído entre a Control (€30m) e a Rio Forte (€120m), duas empresas do universo Espírito Santo. O investimento nunca chegou a acontecer. As dúvidas de Ricardo Salgado sobre Veiga e o desmoronamento do conglomerado ditaram o falhanço do negócio.

BICV

Falhada a primeira tentativa de entrada no universo Espírito Santo (do qual fazia parte o BICV, então Banco Espírito Santo Cabo Verde), Veiga regressa agora, e mais uma vez à frente de um consórcio africano, com uma proposta de compra do Banco Internacional. A proposta já foi validada pela administração do Novo Banco (NB, dono do BICV), no âmbito do plano de reestruturação para posterior venda do ex-BES, aguardando apenas o 'ok' do Banco de Portugal. Não são conhecidos os contornos exactos do negócio, mas sabe-se que o banco cabo-verdiano está classificado como um activo não-estratégico do NB, avaliado em 14 milhões de euros. 

No final de 2014, o BICV tinha 1.891 clientes e um total de activos superior a 105 milhões de euros. Segundo o Novo Banco, no relatório e contas do primeiro semestre de 2015, a actividade do BICV “centra-se no mercado local de empresas, com particular incidência nas empresas do sector público e nas filiais de grupos portugueses com interesses económicos em Cabo Verde, e no mercado de ‘affluent’ local [banca privada]".

“No primeiro semestre do ano [2015], o Banco apresentou um crescimento do activo de cerca 3% face ao final de 2014, continuando a verificar-se a recuperação da actividade, iniciada no último trimestre de 2014”, refere o mesmo documento.

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Autoria:Nuno Andrade Ferreira,21 jan 2016 7:00

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  22 jan 2016 8:29

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