Projecto Djêu pode ter um hospital privado

PorAndré Amaral,25 jun 2017 6:00

O acordo para a construção de um hospital privado no Ilhéu de Santa Maria, na Praia, foi assinado no passado fim-de-semana durante o encontro, entre a China e empresários da CPLP.

 

O investimento que deverá atingir os 27 milhões de euros (cerca de 3 milhões de contos) prevê, segundo os promotores, a construção de uma clínica de prestação de cuidados de saúde aos clientes/utilizadores do empreendimento turístico a ser construído no ilhéu da capital por David Chow.

Os promotores, Aníbal Tavares e Emanuel Figueiredo, dois médicos, um português e um cabo-verdiano a trabalhar em Portugal, pretendem construir uma clínica com sede e instalações no empreendimento para atender situações de urgência e doença que os clientes/ utilizadores venham a precisar e que o Serviço de Saúde de Cabo Verde não terá capacidade de atender. As negociações para a inclusão desta unidade de saúde no projecto turístico estão a decorrer.

“Queremos em conjunto com o parceiro chinês, com quem assinamos o protocolo [a Chinlumac Corporation, Ltd, do empresário macaense Eduardo Ambrósio], candidatar-nos ao Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China - Países de Língua Portuguesa no sentido de desenvolver um grande projecto na área do hospital privado”, disse à agência Lusa Emanuel Figueiredo.

“O projecto nasce na capital como sede, mas queremos dar apoio a todas as ilhas. Os novos investimentos que estão a ser feitos vão aumentar muito o turismo e trazer um fluxo muito grande de empresários”, acrescentou. Explicou que, neste momento, está a ser negociado com os promotores do Djêu se o hospital, que se deverá chamar “Djêu Gamboa”, ficará inserido dentro do empreendimento turístico ou imediatamente ao lado.

O projecto prevê que esta unidade de saúde privada tenha capacidade para actuar nas áreas Materno-infantil, Fisioterapia e reabilitação, Urgências e Consultas de Medicina Geral, Cuidados Cirúrgicos e Cuidados Médicos.

Por seu lado, Aníbal Tavares assinalou que o estudo de viabilidade do projecto aponta para que comece a ter “franca rentabilidade” a partir do quarto ano de exploração e que, ao fim do nono ano, seja possível o retorno do investimento inicial na ordem dos 14 a 20 por cento. “A sustentabilidade é suportada pelos impactos do desenvolvimento turístico do país e pelas sinergias resultantes no contexto dos grandes projectos previstos para Cabo Verde”, segundo a ficha do projecto. Os promotores não apontam datas para o início ou conclusão do hospital, adiantando que, por agora, estão a trabalhar para encontrar os financiamentos necessários ao arranque do projecto.

 

Cabo Verde quer participar na nova rota da seda

“Cabo Verde deve distinguir-se como um país de baixos riscos políticos, securitários e baixos riscos económicos”, indicou o primeiro-ministro durante o discurso inaugural do encontro entre a China e empresários da CPLP.

Segundo Ulisses Correia e Silva, o capital humano é um “ingrediente básico” para alavancar e sustentar a inserção de Cabo Verde na economia mundial globalizada.

Revelou, por outro lado, que o seu Governo está empenhado em reformar o sistema educativo com vista a dotar o país de um perfil de jovens com “fortes competências” em línguas, como o inglês, francês, português e o mandarim que este ano foi introduzido nas escolas secundárias.

Anunciou, por outro lado, que a Escola de Hotelaria e Turismo e o Centro de Energias Renováveis vão ser transformados em instituições de “referência regional e internacional”.

“Numa perspectiva de médio prazo, temos em curso uma acção vigorosa para melhorar o ambiente de negócios em Cabo Verde”, indicou o primeiro-ministro, para depois afirmar que no indicador da liberdade económica o país está classificado como “pouco livre”, na posição 116, mas que a meta do seu Governo é colocar o país no grupo de “liberdade moderada”.

“A pequenez do mercado financeiro é um constrangimento que iremos ultrapassar através da liberalização completa dos movimentos de capitais e da criação de um Fundo Soberano de Garantia de Investimentos Privados para permitir que as empresas tenham acesso ao mercado externo bancário e de capitais para financiarem investimentos de maior envergadura”, garantiu o primeiro-ministro.

Para Ulisses Correia e Silva, nas perspectivas de mercados e de valorização da posição geoeconómica do país, Cabo Verde quer ter um “papel relevante na iniciativa chinesa One Belt One Road (um cinturão económico e uma rodovia que atravessa os países da antiga Rota da Seda) em ações de conectividade entre a China, a Eurásia e a África Ocidental e a África Lusófona”.

“No índice de competitividade global queremos passar da posição 110 para o top 50”, manifestou o primeiro-ministro, para quem vai ser uma “grande luta e combate para garantir que o país se desenvolva e melhore o seu grau de atractividade e competitividade”.

Reconheceu também, que o risco soberano do país é “elevado”, derivado de excessiva exposição ao endividamento e de “forte dependência das transferências externas”.

“Por isso, é nossa prioridade consolidar as finanças públicas, manter uma boa regulação dos bancos, tornar o Estado eficiente, atrair investimento directo estrangeiro e promover as exportações, como a via de colocarmos, a prazo, num horizonte de uma década, o risco soberano na nota entre BBB e A”, enfatizou o primeiro-ministro, almejando que este encontro seja uma “oportunidade” para os países participantes reforçarem a cooperação económica e empresarial porque “vontade política existe”.  

 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 812 de 21 de Junho de 2017.

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Autoria:André Amaral,25 jun 2017 6:00

Editado porAndré Amaral  em  26 jun 2017 15:20

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