Moussa Konate: «Podemos acompanhar Cabo Verde no desenvolvimento do seu potencial turístico»

PorAntónio Monteiro,27 ago 2017 6:04

O novo PCA da Vivo Energy Cabo Verde assumiu as novas funções há pouco mais de uma semana, mas já tem os ojectivos bem traçados para os próximos cinco anos: trazer Cabo Verde para os lugares cimeiros da Vivo Energy Africa e consolidar a presença da petrolífera no mercado cabo-verdiano.  Moussa Konate acredita que o bunkering é o futuro do desenvolvimento da actividade marítima internacional em Cabo Verde. “O arquipélago goza de uma boa situação geo-estratégica na rota de três continentes. É justamente no bunkering e na aviação que a Vivo Energy Cabo Verde tem ainda muito espaço para se desenvolver”.

 

Assumiu funções há pouco mais de uma semana. Como encontrou a casa?

Há três semanas que estou em Cabo Verde e sinto-me já como em casa. Já conhecia anteriormente algumas pessoas da equipa, e pude constatar que a cultura empresarial aqui na Vivo Energy Cabo Verde não é diferente das suas congéneres. Encontrei aqui as mesmas pessoas, a mesma cultura e o mesmo ambiente que conheço desde que entrei para a Vivo Energy – uma equipa motivada que trabalha em prol da empresa. Também não me causou admiração a grande abertura de espírito dos cabo-verdianos, pois ao longo da minha vida tenho conhecido alguns cabo-verdianos. São pessoas que têm o hábito de viajar e que conhecem o mundo inteiro e por isso são acolhedoras e não se sente estrangeiro no vosso país. Estou verdadeiramente muito contente de estar em Cabo Verde. Antes de vir ouvia dizer que Cabo Verde é um pequeno país e que ia aborrecer-me, mas devo dizer que nas quatro semanas que estou cá, estou agradavelmente surpreendido.

 

Porque é que o novo PCA fixou residência na Cidade da Praia?

Por mera questão de logística. O importante é que o novo PCA da Vivo Energy Cabo Verde continue sediado em Cabo Verde. A conexão entre as ilhas faz-se de forma muito rápida; as novas tecnologias facilitam e permitem uma comunicação constante e eficaz entre as pessoas - tudo isto facilita o processo. Entretanto devo realçar que a sede da empresa continua em Mindelo, mantendo-se todos os demais membros do Conselho da Administração da Empresa baseados nessa cidade.

 

Como avalia as políticas económicas do novo governo e que oportunidades trazem à Vivo Energy Cabo Verde?

Esperamos sempre que cada mudança seja benéfica, porque o que esperamos de um novo governo é que o ambiente de negócios melhore, que as condições de investimento dos operadores privados sejam facilitados, o que cria oportunidades de investimento no país. São essas as nossas expectativas. O governo já deu um sinal nesta direcção e pensamos que isto vai criar muitas oportunidades para Cabo Verde. O arquipélago está geograficamente muito bem situado na encruzilhada entre a África, Europa e América. Cabo Verde tem um potencial económico enorme e o governo pode facilitar o acesso às infraestruturas e melhorar o ambiente do Doing Business para permitir às empresas privadas investirem em ambiente mais favorável.

 

Qual é a importância de Cabo Verde para a Vivo Energy Africa.

Cabo Verde tem a mesma importância para a Vivo Energy Africa como todos os outros países. É um país que é importante para a Vivo Energy, onde estamos há quase 100 anos e contamos permanecer em Cabo Verde durante ainda muito tempo. É por isso que continuamos a investir;.Temos muita confiança no potencial de Cabo Verde. A privatização do sector portuário e a potencial criação de uma zona franca poderá transformar Cabo Verde num hub marítimo que irá se abrir na rota da América, Europa e África. Como disse atrás, Cabo Verde tem um potencial enorme de desenvolvimento turístico e esperamos acompanhar o país nesse desenvolvimento. A importância de Cabo Verde é incalculável.

 

Cabo Verde esteve nos últimos quatro anos ausente do top das companhias da Vivo Energy Africa. O que irá fazer para que o país regresse aos lugares cimeiros da tabela?

Como referi, Cabo Verde é um país importante, mas nos últimos anos registou-se uma conjuntura económica desfavorável que apartou o arquipélago do top da tabela. Coincidiu com o momento em que a marca Shell estava a desinvestir e paralelamente com a entrada, há cinco anos, da Vivo Energy em Cabo Verde. Temos agora muitas iniciativas para consolidar a nossa posição no mercado, nomeadamente através das nossas actividades nas estações de serviço. Neste momento somos líder do mercado nesse sector e esperamos consolidar a nossa posição para podermos estar o mais perto possível dos nossos clientes por forma a que, quando visitem as nossas estações, seja uma experiência inesquecível. Estaremos prontos a investir em novas estações se a procura o justificar. Foi o caso em Santa Maria, na ilha do Sal, onde há menos de um ano abrimos uma estação, e estamos pronto a criar outra estação se houver demanda. Os nossos accionistas acompanham-nos nesses investimentos e cada ano reservamos um budget importante para esses investimentos. Com a nossa equipa vamos consolidar a nossa presença no mercado para que Cabo Verde regresse ao top dos países do grupo.

 

Em que horizonte temporal?

Projectamos regressar ao top nos próximos cinco anos.

 

A Vivo Energy Cabo Verde já tem preparado o seu plano de investimentos para os próximos cinco anos?

Com certeza. Como sabemos, o mercado cabo-verdiano é bastante singular. As possibilidades de crescimento são bastante limitadas, assentam-se essencialmente na actividade marítima internacional e na aviação que serão potenciadas com o esperado incremento da actividade turística. Numa primeira fase pretendemos melhorar a visibilidade das estações-serviço, torná-las mais atractivas possível e depois, onde se justificar, erguer estações-serviço. É nisso que vai consistir a nossa acção nos próximos anos. Depois, acompanhar o país nos seus desafios energéticos. O mundo está em vias de se abrir aos novos desafios energéticos, e a questão que se põe é como nos vamos posicionar perante esses desafios. A nossa visão é de ser a companhia de energia mais respeitada na África. Não estou a falar de uma companhia de hidrocarbonetos, mas de uma companhia energética. Quer dizer que que todas as opções são possíveis. Estamos a desenvolver, com a assistência da Shell, novas fontes de energia para nos permitir posicionar neste sector.

 

Há alguns anos atrás cogitaram em sair de Cabo Verde. Porque é que resolveram ficar?

Como sabe, na vida de uma companhia há várias etapas. Há alguns anos, a marca Shell reconsiderou a sua presença em toda a África. Não apenas em Cabo Verde. É por isso que se criou a Vivo Energy para retomar as actividades da Shell em toda a África. Desde que em 2011, quando o grupo Vivo Energy retomou as actividades da Shell na África, a nossa ambição foi de aumentar o business em toda a África. Somos uma sociedade pan-africana, pronto a investir em África.

 

A Vivo Energy está presente em outras ilhas africanas. Quais as vantagens e os constrangimentos em territórios insulares?

Estamos presentes em Madagáscar onde passei quatro anos e nas ilhas Maurícias. Cada ilha tem as suas especificidades. Os desafios nos países insulares são os riscos operacionais, que são os riscos do processo de abastecimento. O desafio está relacionado com a capacidade de stockagem que é muito importante. As ilhas exigem grandes investimentos para a manutenção dos equipamentos, por se tratar de contextos altamente corrosivos. O impacto do mar sobre os depósitos é enorme, o que exige investimentos suplementares para a sua manutenção. Num país continental em média e durante dez anos, os equipamentos não carecem de manutenção, mas num meio insular você é obrigado a fazer manutenções anuais e isso custa dinheiro. Por esta razão, os desafios nos países insulares estão relacionados com os custos operacionais.

 

Como caracteriza Cabo Verde em relação aos outros países africanos onde a Vivo Energy Africa opera?

Cabo Verde está longe de ser um país subdesenvolvido. Cabo Verde é hoje um país de rendimento médio e dispõe de mais-valias que são extremamente importantes. Primeiramente há a governação, o nível de escolaridade das pessoas e a qualidade de vida. Cabo Verde tem a melhor qualidade de vida de que a maioria dos países da região. Cabo Verde disfruta de uma excelente posição geo-estratégica e é visto como um país cuja governação é de muito boa qualidade. São factores que contribuíram favoravelmente para o desenvolvimento de Cabo Verde. Os indicadores económicos confirmam que Cabo Verde é um país de rendimento médio e quando atendermos às taxas de crescimento anunciadas, quando se considera o nível de inflação e o grau de confiança na sua justiça, temos que concordar que Cabo Verde vai conhecer nos próximos anos maiores taxas de crescimento. São factores extremamente importantes.

 

Em relação ao bunkering, qual é o actual volume de negócios e até onde quer chegar a Vivo Energy Cabo Verde?

As informações sobre o volume de negócios do bunkering são um pouco estratégicas. O que posso dizer é que o bunkering é o futuro do desenvolvimento da actividade marítima internacional em Cabo Verde. O arquipélago goza de uma boa situação geo-estratégica na rota de três continentes. É justamente no bunkering e na aviação que a Vivo Energy Cabo Verde tem ainda muito espaço para se desenvolver. O bunkering será ainda mais atractivo quando o governo criar uma zona franca nos portos com a extensão dos mesmos para permitir que grandes embarcações possam aportar. Isso irá também permitir manter baixo os custos operacionais em Cabo Verde, porque o volume do bunkering ainda não é muito elevado. Os nossos barcos que garantem as nossas actividades em Cabo Verde têm um custo de manutenção bastante elevado. Mas quando a actividade do bunkering aumentar em Cabo Verde teremos alcançado a massa crítica que fará baixar os custos unitários, permitindo desta forma diminuir os custos operacionais. Passaremos então a poder beneficiar em todas as actividades ligadas a esta actividade. 

 

 A segurança é um bem essencial para uma empresa petrolífera. Como avalia a questão da segurança em Cabo Verde e quais são os incidentes potenciais?

As condições securitárias são muito boas em Cabo Verde, porque como todos os países insulares, as fronteiras são fáceis de controlar. Portanto, não há o risco de activismo, contrariamente aos países do Sahel que têm hoje problemas com islamitas. Essa situação faz com que a atractividade de Cabo Verde possa ser aumentada. Em decorrência há um potencial enorme que o país pode capitalizar que é o turismo. É que os turistas têm hoje medo de ir ao Mali, têm medo de ir ao Senegal, têm medo de ir à Costa do Marfim e têm medo de ir ao Burkina Faso. E porque não a Cabo Verde, é um oportunidade. Mas tudo depende do ambiente de negócio que o actual governo vier a criar para permitir aos operadores investir no país. E o sector petrolífero é basilar para o desenvolvimento do turismo, porque a energia é importante. Se existirem as condições para o investimento, estaremos prontos a investir.

 

Quem é Moussa Konate

O novo presidente do Conselho de Administração da Vivo Energy Cabo Verde assumiu funções há pouco mais de uma semana, mas já se encontrava na Praia desde 25 de Julho, em substituição do anterior PCA que concluiu a sua missão em Cabo Verde.

Natural do Mali, Moussa Konate é formado em Gestão e possui uma pós-graduação em Finanças e Contabilidade. Já conta com 18 anos a trabalhar na Shell/Vivo Energy onde iniciou funções em 1999 como Finance Controller da Shell Mali. Posteriormente desempenhou as funções de West Africa Retail Finance Analyst; entre 2015 e 2007 foi Finance Manager Shell Mali, depois Finance Manager LPSA – Joint Venture Shell & Total Madagáscar entre 2008 e 2011, Africa Retail Business Finance Manager durante 2011 a 2012, Finance Manager Vivo Energy Costa de Marfim de 2012 a 2015 e finalmente Finance Manager Vivo Energy Gana e General Manager Shell & Vivo Lubricants em Gana entre 2015 e 2017.

 

 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 821 de 23 de Agosto de 2016. 

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Autoria:António Monteiro,27 ago 2017 6:04

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  28 ago 2017 11:52

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