O risco político foi o principal obstáculo identificado por 84% dos que responderam ao inquérito, uma percentagem que duplicou face aos 41% apresentados no relatório do ano passado, de acordo com o estudo, a que a Lusa teve acesso.
Na primeira metade de 2017 foram registadas 101 transacções que valeram 13 mil milhões de dólares, o que representa uma queda de 25% em volume e 26% em valor, comparado com a segunda metade de 2016.
O maior negócio em África no ano passado foi feito em Moçambique, com uma operação financeira no valor de 2,8 mil milhões de dólares, representando a entrada da Exxon na exploração de gás natural liderada pela Eni na Bacia do Rovuma.
"A queda de 25% em volume e 26% em valor na primeira metade de 2017 das fusões e aquisições significa um aumento na ansiedade dos investidores relativamente às questões da governação e a sinais económicos mais fracos em vários dos principais mercados africanos", comentou Imad Mesdoua, um consultor senior na Control Risks, que juntamente com a Mergermarket, lançou um relatório sobre a realização de negócios em África.
"O risco político e as preocupações com a transparência tornaram-se os principais obstáculos para as aquisições com sucesso em África; as considerações éticas e de cumprimento das regras são outros dos principais factores que ensombram a perspectiva de evolução para os potenciais investidores", acrescentou o analista.
O relatório afirma que 72% dos empresários inquiridos dizem que ser apanhados numa investigação criminal ou regulatória é um dos principais riscos em relação à empresa que pretendem comprar.
Por outro lado, o relatório aponta que quase três em cada quatro inquiridos dizem que uma das respostas a estas preocupações passa por adoptar uma estratégia de investimento conjunto em África "para alocar o risco de forma mais eficaz".
Os inquiridos, cujo número não é divulgado, incluem fundos de investimento soberanos, instituições financeiras de desenvolvimento e bancos de investimento, que nos últimos dois ou nos próximos dois planeiam estar envolvidos numa operação financeira em África.