Preço do crude em crescimento contínuo

PorExpresso das Ilhas,12 mai 2018 7:03

No início de 2016 o petróleo atingia o valor mínimo em 11 anos. O barril de Brent era negociado nos mercados internacionais a 36 dólares. Desde então, as actualizações do valor têm tido um sentido apenas... ascendente.

Economia básica. A subida de preço de uma matéria-prima conduz, naturalmente, a uma subida do preço do produto final. E é isso que tem acontecido nos últimos anos

com o preço do crude.

Consequência disso, o preço dos combustíveis não pára de aumentar e Cabo Verde não

é excepção. Entre Dezembro do ano passado e Maio deste ano – seis meses que correspondem a seis actualizações de preço dos combustíveis – a gasolina subiu um total de 11

escudos e o gasóleo teve um aumento de quase 10 escudos.

A excepção foi o gás butano que no mesmo período acabou por ficar quase 5 escudos mais barato.

Mas voltemos a 2016. Na altura, depois de um período de queda continuada, o barril de Brent atingia o seu valor mais baixo dos últimos anos e era negociado a 36 dólares.

Causas: o anúncio feito pelos Estados Unidos da América de que as suas reservas tinham aumentado e a instabilidade do mercado chinês.

Na altura, analistas do Citigroup e do grupo UBS admitiam que os 30 dólares eram um cenário a ponderar nos meses que se seguiriam.

Esse cenário acabou por não acontecer. Desde então o preço do crude não tem parado de aumentar nos mercados internacionais e, com isso, o preço dos combustíveis continua a subir nos postos de abastecimento.

Os aumentos são justificados principalmente com o acompanhamento das cotações do petróleo nos mercados internacionais. Na semana passada o preço do barril de Brent ultrapassou os 75 dólares, o que já não se registava há cerca de três anos e meio.

Na última sexta-feira chegou a cotar nos 73,45 dólares e esta terça-feira, na abertura do

mercado, estava a ser negociado a 75,53 dólares.

Petróleo mais caro

O ouro negro tem, por estes dias, vindo a ficar mais caro. E a tendência, dizem os analistas de mercado, é que a subida continue nos tempos mais próximos. Tudo graças ao esforço da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que tem lutado para reduzir a quantidade de petróleo no mercado e assim fazer subir os preços.

Há cerca de um mês, tanto aquela organização como a Rússia (um dos maiores produtores a nível mundial e uma das economias mais dependentes da manutenção do preço do petróleo a níveis elevados) admitiram que há vontade em cooperar durante um período de dez a 20 anos.

O objectivo é conseguir, ao longo deste tempo, diminuir ainda mais a quantidade da matéria-prima e pressionar a subida dos preços. A garantia foi dada pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, que sublinhou a importância de existir este acordo global no sentido de reduzir a oferta da matéria-prima no mercado internacional.

Inicialmente, não estava previsto que o acordo tivesse um horizonte tão largo. Mas tanto a Rússia como a Arábia Saudita pretendem manter a refinação em níveis abaixo do máximo possível.

Depois de vários meses a discutir um acordo que permitisse um equilíbrio da oferta e da procura, vários países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo concordaram com a estratégia de prolongar a duração dos cortes.

A decisão não foi, no entanto, pacífica. Em Setembro do ano passado nem todos os países da organização estavam de acordo. Os ministros dos países-membros da OPEP reuniram-se em Viena, com a discussão sobre outros prazos em cima da mesa. Mas, naquela altura, a Argélia, por exemplo, batia o pé e garantia que o que existia era apenas “um entendimento para me-

ses”.

Já nesta altura, a Rússia e a Arábia Saudita eram os principais defensores de um eventual prolongamento dos cortes. Agora, esta aliança entre OPEP e Rússia parece estar para durar. Além de ficar claro que este ano vão manter os cortes de forma a acabar com o excesso global, está sinalizada a cooperação para além desse prazo e as consequências nos mercados já se fazem sentir.

Mas não foi apenas este acordo que teve efeito nos preços que têm vindo a ser praticados. Em Abril, a recuperação do mercado petrolífero também se ficou a dever a uma queda das reservas nos EUA. De acordo com o Departamento de Energia, os inventários recuaram 10,6

milhões de barris por dia, o que representava o valor mais baixo desde Março de 2015.

Um dos analistas da Rakuten Securities, Satoru Yoshida, citado pela Bloomberg, dizia

mesmo que “os investidores estão mais focados na queda dos inventários norte-americanos [do que no aumento da produção]”.

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Autoria:Expresso das Ilhas,12 mai 2018 7:03

Editado porAndre Amaral  em  5 fev 2019 10:57

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