A informação consta do mais recente relatório publicado pela IATA – Associação Internacional de Transportes Aéreos, – organização internacional fundada em 1945, que representa as companhias de aviação.
Para o presidente do Conselho de administração da ASA esta é uma avaliação importante para o país no seu todo. “Não restam dúvidas”, diz Jorge Benchimol ao Expresso das Ilhas, “que quando uma avaliação desta natureza vem da IATA, a associação que defende o interesse das companhias aéreas, quer dizer que é resultado de uma boa experiência das companhias aéreas a trabalhar com os nossos aeroportos. É uma avaliação de um utilizador privilegiado dos serviços aeroportuários em Cabo Verde”.
Segundo o documento, apresentado pelo vice-presidente da IATA África, Raphael Kuuchi, numa convenção em Zanzibar, Tanzânia, organizada pela AFRAA – Associação das Companhias Aéreas Africanas, – as ilhas Seychelles surgem na primeira posição e a África do Sul na terceira. Camarões, Zimbabwe e Mali aparecem nos últimos lugares. No ranking a nível mundial, que engloba 140 países, Cabo Verde ocupa o 43º lugar.
O arquipélago é mesmo mencionado como o país com maior potencial para o crescimento no turismo da África Ocidental. Cabo Verde aparece também na lista de países com maior abertura na emissão de vistos, ficando atrás de países como Seychelles, Uganda e Togo.
“A posição neste ranking são óptimas notícias para a Cabo Verde Airlines e dá-nos mais confiança para continuar o trabalho que temos desenvolvido até agora. Este ranking mostra que Cabo Verde tem as infra-estruturas certas para ser o ponto de ligação entre os continentes, que é o que promovemos com nosso Hub na ilha do Sal,” afirmou Mário Chaves, actual CEO da Cabo Verde Airlines, reagindo ao ranking IATA.
Jorge Benchimol considera que esta classificação pode ser um impulso adicional para os aeroportos de Cabo Verde e do Sal, em particular, mas salienta que o documento fala de muito mais do que apenas das infra-estruturas aeroportuárias. “O conceito não é da pista ou da qualidade das obras do terminal, o que está em avaliação é o todo do serviço aeroportuário. É a experiência, neste caso das companhias aéreas que trabalham com os aeroportos de Cabo Verde, e o que a IATA pôs no relatório também é reflexo da interacção que temos tido com as companhias aéreas, nomeadamente com a TUI”.
“A TUI classificou o aeroporto da Boa Vista como um dos dez melhores onde opera”, continua o PCA da ASA, “e a TUI é dos maiores operadores mundiais e o maior operador turístico em Cabo Verde. Não é um acto isolado, há uma sequência de eventos que mostram que estamos no caminho certo”.
No entanto, sublinha também Jorge Benchimol, esta avaliação da IATA não significa que o país pode acomodar-se. “Temos ainda um longo caminho a percorrer, muita coisa a melhorar, e temos de conjugar sempre duas coisas: a qualidade das infra-estruturas físicas, mas sobretudo a qualidade do software: a organização, os serviços disponibilizados, a qualidade. Tudo o que está a acontecer é o resultado de uma grande interacção entre todos os intervenientes do sistema aeroportuário cabo-verdiano, as autoridades, os critérios de qualidade cada vez mais exigentes, as questões de segurança”.
Cabo Verde opera actualmente com quatro aeroportos internacionais, nas ilhas de Santiago, São Vicente, Boa Vista e Sal, sendo este último utilizado pela Cabo Verde Airlines, num modelo de negócio Hub & Spoke, em funcionamento desde 1 de Fevereiro de 2018. O país faz actualmente ligação entre quatro continentes – América do Norte, América do Sul, África e Europa.
“Muito mais do que o betão armado, o mundo de hoje quer é a qualidade do serviço que se presta”, sublinha o PCA da ASA, “e nos transportes aéreos há duas coisas que não podem falhar: cuidar das pessoas e cuidar das suas vidas. O nosso negócio são vidas humanas e aqui a questão da segurança é vital. Muito do que temos estado agora a registar é resultado de critérios muito apertados em termos de segurança. Não nos esqueçamos que Cabo Verde tem dois aeroportos que emitem voos para os Estados Unidos, com certificados revalidados e com auditorias revalidadas [Praia e Sal]. África tem sete e em Cabo Verde estão dois desses sete, isso significa muito”.
E numa altura em que o futuro modelo de gestão dos aeroportos de Cabo Verde está em cima da mesa – concessão, subconcessão ou privatização – esta avaliação poderá ajudar a despertar o interesse dos potenciais investidores. “Certamente”, diz Jorge Benchimol. “O modelo que se vai adoptar está neste momento em avaliação, mas é uma matéria que cabe ao governo definir. A ASA é parte do sistema, no entanto, a condução do que será a solução é um assunto que diz respeito ao governo e o governo está neste momento a trabalhar no melhor cenário para a gestão dos aeroportos”, conclui.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 860de 23 de Maio de 2018.