Adriano Lima, que detém 39% das acções, não sabe explicar os reais motivos que levaram à suspensão das viagens pela empresa-mãe, Naviera Armas, nas Canárias, mas garante que está disponível para assumir o navio a 100% e salvaguardar o futuro dos cerca de 30 funcionários da companhia, em Cabo Verde. Em declarações à Rádio Morabeza, o armador afirma que tudo depende do accionista maioritário.
“Se eles não quiserem pôr o navio a navegar, estou disponível para assumir e fazer funcionar o barco. Estou disponível principalmente porque estou preocupado com toda a tripulação e o pessoal de terra. Muita gente vai para o desemprego caso o navio não volte a navegar. Mas tudo depende do accionista maioritário. Se negociarem comigo para eu assumir o navio, estou disposto”, garante.
O Mar d’Canal está parado desde 9 de Abril. O accionista cabo-verdiano explica que a suspensão das viagens foi feita a pedido da própria Naviera Armas, após uma inspecção determinada pelo sócio maioritário, com o certificado de navegabilidade expirar em Junho.
“A informação que nos foi transmitida na última reunião, no dia 13 de Maio, é que enviaram um inspector das Canárias para vir avaliar o estado do navio, tendo o inspector dito que a embarcação não estava em condições de navegar porque foram encontradas as chapas em condições abaixo do normal. Mas isto é algo que os inspectores da capitania tinham detectado na última sondagem, não era novidade. Só aquilo não exigia paragem do navio”, diz.
Contactada pela Rádio Morabeza, a Capitania dos Portos do Barlavento confirma que a paragem do Mar d’Canal foi determinada pela companhia armadora e que o certificado de navegabilidade só expira em Junho. A Capitania não tem conhecimento da inspecção feita pela empresa.
Adriano Lima entende que a atitude pode estar relacionada com problemas internos, desde a compra do navio, em 2003.
“A Armas Canárias vendeu o navio à Armas Cabo Verde e cobrou 43 mil contos a mais. O tribunal deu-me razão e a Armas Canárias deveria devolver o dinheiro para a empresa cabo-verdiana, o que não foi feito. Os outros casos têm a ver com aprovação de contas”, explica.
Além da paragem, a marca Armas, referente ao armador, foi retirada do costado da embarcação. Questionado pela Rádio Morabeza sobre se isso quer dizer que a empresa-mãe perdeu interesse em investir em Cabo Verde, Adriano Lima não sabe explicar.
“Só o sócio maioritário sabe dizer”, aponta.
A Rádio Morabeza entrou em contacto com o escritório da Naviera Armas no Mindelo, mas foi-nos dito que o gerente e representante do sócio maioritário não se encontra na ilha.
O navio de transporte de passageiros e carga, Mar d’Canal, com 46 anos de vida, opera em Cabo Verde há 16 anos. Neste momento, está ancorado na Baía do Porto Grande.