Em conversa com a Inforpress, Jael Alves Monteiro afirma que, desde 2016, a CAM vem dando conta que as lojas chinesas, em todo o país, estão a vender uniformes escolares com a marca da empresa, fazendo as pessoas crerem que se trata de produtos produzidos pela empresa nacional.
A dirigente empresarial afirma que todos os anos a empresa faz investimentos avultados na aquisição de matéria-prima para a campanha escolar, que arrancou no mês de Junho, com a disponibilização de uniformes e batas escolares.
Não obstante, adianta que tem registado prejuízos de milhares de contos devido à concorrência desleal dos chineses que colocam no mercado produtos com a marca da CAM.
“A concorrência dos chineses é uma concorrência desleal e que nos tem criado muitos problemas e muitos constrangimentos”, disse.
Conforme explicou, tem havido casos de escolas que decidem mudar de uniforme de um ano para o outro e fecham contratos com grupos chineses, sem avisar a CAM da mudança dos uniformes.
Um direito que as mesmas têm, mas que, na perspectiva de Jael Alves Monteiro, deveria levar em consideração a empresa, já que, conforme indicou, há muitos anos vem fornecendo uniformes escolares para todas as escolas do país.
“Como nos dedicamos à produção de uniformes, todos os anos preparamos o stock para as escolas, baseando nos uniformes dos anos anteriores. Nas vésperas do início das aulas ficamos a saber que as escolas já mudaram de uniforme. Só para exemplificar, no ano de 2016 tivemos uma perda de 10 mil contos de produtos acabados, entre uniformes para sala de aulas e para educação física”, precisou.
Os casos mais graves são os relacionados com as lojas, socorrem-se da marca da empresa.
“Demos conta que houve plágio da nossa marca, falsificaram a nossa etiqueta, produziram os uniformes e trouxeram para Cabo Verde. O grande problema é que a lei da contrafacção em Cabo Verde não vigora nas alfândegas. Ela só vigora quando o empresário X fizer uma queixa na Inspecção-geral de Actividades Económicas (IGAE)”, explicou.
“Temos duas denúncias, duas queixas-crime feitas junta da IGAE, mas nunca houve evolução da situação. Se a lei de contrafacção vigorasse desde as Alfândegas evitaríamos situações como a que temos actualmente”, disse.
“Os produtos da CAM apenas são comercializados nas lojas próprias da empresa ou nos revendedores, todos nacionais”, disse.
Essa situação da concorrência desleal dos chineses foi apresentada hoje ao vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, numa visita que o governante efectuou à fábrica, tendo o mesmo prometido averiguar a situação.