Índice de Prosperidade: Cabo Verde é o 77º entre 167 países

PorSara Almeida,7 mar 2020 7:36

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Cabo Verde ocupa o 77º lugar no Índice de Prosperidade Legatum 2019. O país pontua bem em “Liberdade Pessoal” e “Ambiente Natural” mas é fraco no “Ambiente de Investimento”, salienta o estudo. “Saúde” foi o indicador que mais melhorou em uma década.

Cabo Verde é um país onde os direitos civis são respeitados, onde há tolerância social e onde se respeitam as liberdades individuais. Esta é uma conclusão do Índice de Prosperidade Legatum, que avalia estes factores no sub-índice intitulado “Liberdade Pessoal”. Aqui, Cabo Verde, que no ranking geral está na 77ª posição, coloca-se na 33ª posição.

Mas se por um lado, a liberdade pessoal é muito bem avaliada, o país cai para 116ª posição no que toca ao “Ambiente de Investimentos”. Neste pilar, que mede até que ponto os investimentos estão adequadamente protegidos e a facilidade de acesso, Cabo Verde está atrás de países como o Paquistão, o Líbano ou a Suazilândia.

Ainda sobre as más pontuações, na verdade, pontua mal em praticamente todas as categorias relacionadas com negócios. Cabo Verde está em 113º lugar no “acesso aos mercados e Infraestruturas”, tendo em conta as fragilidades do país no que toca à “qualidade das infra-estruturas que permitem o comércio e às distorções no mercado de bens e serviços”.

Na linha de categorias directamente ligadas à Economia está também a qualidade da mesma. Cabo Verde é o 105ª país em termos de qualidade da Economia, ou seja, o país não está bem preparado “para gerar riqueza de forma sustentável e com o pleno envolvimento da sua força de trabalho”.

Continuando abaixo da linha média da tabela, Cabo Verde fica em 102º lugar tanto no que diz respeito às “Condições de vida” como à “Educação”, categorias que já não têm a ver com “Economias Abertas”, mas sim com “Empoderamento das Pessoas”.

Apesar de todos os investimentos públicos feitos e todo o trabalho anunciado, a qualidade de vida dos cidadãos, no geral, não é boa. No item “Condições de Vida” avaliam-se factores como recursos materiais, abrigo, serviços básicos e conectividade, explica o Legatum.

Na educação, como referido, Cabo Verde também pontua mal. Quer isto dizer, segundo o ranking, que não só os resultados e qualidade da educação, nos seus quatro níveis não é muito boa, como a população carece de skills.

Nas restantes categorias, Cabo Verde está acima da linha mediana. O país surge na 99.ª posição no que diz respeito às “Condições para as Empresas”. Este é o único item, aliás, relacionado com economia e negócios que tem positiva (51,38 em 100). Aqui são medidas a regulação vigente para a criação de negócios, bem como para que as mesmas se tornem competitivas e se expandam.

Destaque positivo, entretanto, para a Saúde, onde o país ocupa agora o 79º lugar, uma vez que, como frisam os pesquisadores, este é o item em que Cabo Verde conquistou mais melhorias ao longo da última década. É o segundo item melhor pontuado (72,25 em 100) apesar de ser ultrapassado por outros no posicionamento no índice.

Conforme a descrição do ranking, em Saúde é medido se as “pessoas são saudáveis e têm acesso aos serviços necessários para manter uma boa saúde”. Entre os indicadores estão os sistemas e resultados de saúde, os factores de risco e as taxas mortalidade.

No item “Governança” é medido o controle e restrições do poder, bem como questões como a Corrupção. Cabo Verde surge em 59º lugar. Esta Categoria está incluída em “Sociedades inclusivas” que é inclusive onde Cabo Verde obtém os melhores resultados.

Nessa linha, o país também é razoavelmente classificado no que diz respeito à “Protecção e Segurança”, o que se justificará pelo facto de não existirem no país, por exemplo, conflitos armados, embora seja também medida a segurança individual. Na verdade, em termos de pontos, este é o item mais pontuado (76,10 em 100).

No “Capital Social”, que mede a “força das relações pessoais e sociais, as normas sociais e participação cívica”, Cabo Verde surge relativamente bem classificado, ocupando a 48ª posição.

A par com as Liberdades Individuais, o item onde o país melhor se classifica como referido, também no que diz respeito ao Ambiente Natural (e apesar da seca) Cabo Verde tem uma boa classificação. Está no 35.º posto no item que avalia “aspectos do ambiente físico, que podem ter efeitos directos nas pessoas e suas vidas quotidianas bem como mudanças que podem ter impacto nas gerações futuras”.

Cabo Verde caiu sete lugares mas subiu na pontuação

É o próprio Legatum que aponta a queda de sete lugares sofrida por Cabo Verde em uma década, tendo o país passado, portanto, do 70.º lugar para 77.º no índice.

Apesar da queda, a pontuação de Cabo Verde tem vindo a subir no Índice de Prosperidade Legatum, passando de um total 55,86 pontos em 2009, para 57,51 em 2018 (ano em que atingiu a melhor pontuação) e somando 57,36 em 2019. A escala é de 0 a 100.

Uma razão que também pode explicar a queda é o número de países avaliados. Em 2009, eram “apenas” 104 países e em 2019 foram analisados 167.

Sudão do Sul, Iêmen e República Centro-Africana são os países pior classificados. Do lado dos melhores, a lista é encabeçada pela Dinamarca, seguida da Noruega e Suiça. Singapura é estrela em tudo o que diz respeito aos negócios e “economias abertas”, mas cai nas liberdades das “sociedades Inclusivas”.

Em 26º lugar, Portugal é o país lusófono mais bem posicionado neste índice, seguido do Brasil, em 69º. Cabo Verde é o terceiro e Angola o pior (153º).

Em termos continentais, Maurícias (44º) e Seychelles (48º) encimam a pontuação africana. Botwana (76º) é o terceiro e Cabo Verde o quarto.

O índice

O Índice de Prosperidade Legatum é um ranking anual, desenvolvido pelo Instituto Legatum (um instituto de pesquisa com sede em  Londres), que classifica os países não sóde acordo com a sua a riqueza, mas também avaliando factores como crescimento económico, bem-estar pessoal e qualidade de vida. A intenção é ser um instrumento para a transformação. Para a composição do Índice são analisados um total de 300 indicadores, que vão do PIB ao número de servidores de internet seguros, e que são divididas em nove sub-índices: qualidade económica, ambiente de negócios, governo, educação, saúde, segurança,liberdade pessoal, capital social e ambiente natural. Estas por sua vez enquadram-se em três categorias-chapeu:  Sociedades Inclusivas, Economias Abertas e Empoderamento das Pessoas. De acordo com o Instituto Legatum, pelo framework do Índice de Prosperidade, “nações em todo o mundo podem avaliar seus  pontos fortes e fracos a fim de determinar as escolhas económicas e estratégicas que precisam ser feitas para continuar a construir sociedades inclusivas, economias abertas e pessoas capacitadas para conduzir maiores níveis de prosperidade”. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 953 de 4 de Março de 2020.

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Autoria:Sara Almeida,7 mar 2020 7:36

Editado porSara Almeida  em  8 mar 2020 16:39

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