De acordo com esta divisão das Nações Unidas, "o efeito da covid-19 no comércio mundial foi mais severo durante a primeira metade de 2020, com uma quebra de valor de cerca de 15%".
No documento hoje divulgado, a UNCTAD assinala também que "o comércio mundial começou a recuperar no terceiro trimestre de 2020 e de forma mais forte no quarto trimestre".
"A recuperação na segunda metade de 2020 deveu-se largamente à recuperação do comércio de bens", sendo que "o comércio de serviços continua a permanecer substancialmente abaixo das médias".
No quarto trimestre de 2020, "o comércio de bens cresceu cerca de 8% trimestralmente, ao passo que o comércio de serviços estagnou nos níveis do terceiro trimestre".
Relativamente ao primeiro trimestre deste ano, a UNCTAD aponta "para um abrandamento da recuperação do comércio de bens (uma queda de 1,5% relativamente ao quarto trimestre de 2020) e um maior declínio no comércio de serviços (uma queda de 7% face ao quarto trimestre de 2020), sobretudo devido a continuadas disrupções no setor das viagens".
"No entanto, as projecções permanecem imprecisas devido a preocupações persistentes acerca da covid-19 e incerteza acerca da magnitude e 'timing' dos pacotes de estímulo em algumas grandes economias", pode também ler-se no documento.
A UNCTAD assinala que apenas "o crescimento de cerca de 3% na exportação de bens chineses foi a excepção" à tendência mundial de decrescimento no terceiro trimestre de 2020 face ao mesmo período do ano passado, com "as exportações de serviços da China, e em menor grau da Índia, a parecerem ter estado relativamente melhor que os de outras grandes economias em 2020".
A UNCTAD afirma ainda que a tendência de recuperação no quarto trimestre de 2020 "deve-se largamente aos países em desenvolvimento", sobretudo aos do leste asiático, sem os quais a dinâmica de crescimento não se verificaria.
"A recuperação do comércio no quarto trimestre de 2020 foi muito diferente nas regiões geográficas. Face ao ano anterior, o comércio de bens originado na região do leste asiático cresceu cerca de 12% no quarto trimestre de 2020, com a importação de bens a aumentar cerca de 5%", sendo que em contraste "as tendências negativas se mantiveram para bens originados noutras regiões", refere ainda o documento.
De acordo com a UNCTAD, o sector que registou maiores crescimentos na segunda metade do ano passado foi o dos têxteis, com um crescimento de 40% no terceiro trimestre e 16% no quarto, seguindo-se o sector dos minerais (18% no quarto trimestre) e ainda o equipamento para escritório (16% no terceiro trimestre).
Por outro lado, as quedas maiores registaram-se na energia (-34% e -33%, respetivamente, no terceiro e quarto trimestres) e no equipamento de transportes (-29% e -32%, respectivamente).