“Os empresários também querem tomar parte dos financiamentos que são colocados ao país porque se nós não tivermos empresas nacionais capazes de reter os financiamentos nunca mais vamos atingir riqueza”, afirmou Rodrigues à Lusa, depois de ser eleito na sexta-feira presidente da maior família empresarial cabo-verdiana, que conta, actualmente, com mais de 460 associados.
“Os empresários cabo-verdianos têm que ser ricos, para poderem gerar riqueza. As coisas não podem ser contraditórias, continuamos a pedir financiamento e as empresas internacionais vêm cá fazer os trabalhos e levam uma parte substancial desta riqueza que é colocada ao serviço do nosso país”, acrescentou.
O novo presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento (CCISS) reconheceu que as empresas cabo-verdianas não poderão fazer tudo, mas sim grande parte, que serviria como transferência de conhecimento e uma “motivação maior”.
A internacionalização e a procura de novos mercados é outro assunto na agenda de Marcos Rodrigues, que perspectiva uma “intensa diplomacia económica” e “conhecimento exaustivo” do sistema fiscal dos países para onde as empresas cabo-verdianas podem querer dirigir-se.
“Nós vamos fazer o levantamento e vamos dar aos empresários os ‘inputs’ necessários para saberem para que mercados é que se devem dirigir”, prosseguiu, dando conta de alguma experiência de empresas cabo-verdianas na exportação, sobretudo para Europa e Estados Unidos da América.
“E vamos querer exportar também para os países africanos, a Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO) e os Países Africanos da Língua Portuguesa”, frisou.
A diversificação da economia cabo-verdiana é um dos pilares da estratégia do novo presidente da CCISS, além do turismo, mas mostrou-se preocupado com essa questão, tendo em conta que Cabo Verde não tem grandes indústrias transformadoras para responder à demanda interna, quanto mais para exportar.
“Vamos ter que fazer alguns colóquios e alguns debates sobre a questão das novas tecnologias colocadas para a indústria de transformação, a nova capacitação de recursos humanos e começarmos a produzir através da robotização e monitorização artificial, que já está disponível, e pode nos ajudar bastante em Cabo Verde”, apontou Marcos Rodrigues.
Ainda no país, o novo líder empresarial disse que tem na agenda os transportes, a questão fiscal, alfândegas e o emprego, mais concretamente na reforma da lei laboral cabo-verdiana, e promete trabalhar em “parceria forte” com o Governo para superar esses problemas que afectam em grande parte o desenvolvimento empresarial.
“Temos que melhorar o clima de negócios em Cabo Verde, porque só é possível tornarmos o país rico se tivermos empresários bem-sucedidos, que geram riquezas, porque é com os empresários que se faz a transformação do país”, vincou.
Marcos Rodrigues venceu nas eleições a empresária Eunice Mascarenhas e garantiu que, apesar da disputa, os empresários de Sotavento nunca estiveram em desunião e não há desentendimentos.
“É importante que haja essas disputas, mas o objetivo principal é só e apenas um, não temos outro caminho, de estarmos unidos para conseguirmos fazer alguma coisa para gerar riqueza e criarmos emprego no país”, reforçou.
Marco Rodrigues substituiu no cargo Jorge Spencer Lima, que cumpriu dois mandatos de quatro anos cada na entidade representativa da classe empresarial de Sotavento, que representa o sector no diálogo com o Governo e com outros poderes públicos.