O preço do trigo e milho registou hoje uma nova alta no mercado europeu, encerrando nos 381,75 euros e 379 euros por tonelada nos prazos de Março, respetivamente, com a guerra na Ucrânia a provocar receios quanto à oferta de grãos.
"Quando vemos como os ucranianos reagem e lutam, podemos ver que este conflito provavelmente durará e é isso que desencadeia essas compras", afirmou à AFP Damien Vercambre, da Inter-Courtage.
"A diferença da procura (com a oferta) vai durar", considerou, tanto mais que alguns países produtores, como a Argentina e a Bulgária, manifestaram o desejo de "controlar os preços" e conter a inflação no mercado interno, o que levanta receios de diminuição nas exportações.
"Perguntamo-nos se não há outros países que os seguirão", comentou o responsável.
A situação promete ser crítica para países ultradependentes de importações para alimentar a sua população.
"Nenhum transportador coloca mais um barco no mar Negro", mesmo que haja um pouco na Roménia, prosseguiu, considerando que, "no curto prazo", se deve retirar a Rússia e a Ucrânia dos exportadores.
Em relação ao milho a questão é se a Ucrânia, que normalmente produz 40 milhões de toneladas por ano, conseguirá semear no próximo mês.
"Grande dúvida", respondeu Portier, que espera uma continuação da alta de preços nos próximos dias.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de Fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.