O governante falava durante o acto de assinatura do memorando de entendimento entre a Autoridade da Zona Económica Especial Marítima em São Vicente (AZEEMSV) e a empresa Clean Islands Energy, que objectiva desenvolver um sistema de bunkering de combustíveis limpos em São Vicente.
“Não voltamos ao tempo do carvão, mas voltamos ao futuro, sonhamos com o futuro, através das energias limpas, concretizando a visão de Cabo Verde como um País farol da economia azul e fazendo e concretizando aqui em São Vicente uma visão mais promissora não só para a ilha, mas para Cabo Verde”, destacou Abraão Vicente.
A mesma fonte, mostrou-se, aliás, ciente de que o projecto “tem todos os ingredientes de credibilidade” para que “não seja mais um projecto lançado aos ventos”.
Por sua vez, o presidente do conselho de administração da Zona Económica Especial Marítima de São Vicente (ZEEMSV), Júlio Melício, afirmou que a implementação deste projecto, que inicialmente prevê um investimento de cerca de 250 milhões de dólares, criará para Cabo Verde a possibilidade de produzir a sua própria energia a partir de combustíveis limpos e colocar País em “melhor posição” com os compromissos de protecção ambiental.
O mesmo lembrou que o Porto Grande foi durante a segunda guerra mundial o quarto maior porto de abastecimento à navegação do mundo, mas perdeu esse papel para as Ilhas Canárias, que fez investimentos no sector.
Por isso, explicou que com a assinatura do memorando de entendimento pretende-se relançar as bases para reposicionar e reclamar para São Vicente “um papel importante” na nova indústria que se desponta.
“São Vicente poderá reconquistar o relevo que teve no passado, sendo um dos primeiros portos a albergar um bunker de combustíveis limpos do Atlântico Médio”, concretizou Melício, para quem, desta forma, se dá início à construção do objectivo traçado pelo Governo de fazer de Cabo Verde uma plataforma marítima e logística no Atlântico e uma ilha “moderna e internacional”.
O presidente do conselho de administração da AZEEMSV indicou, por isso, que o país deve fixar as metas para a produção de energia eléctrica a partir de fontes não poluentes, tal como se fixou para a mobilidade eléctrica.
Também presente na cerimónia, o embaixador dos Estados Unidos de América em Cabo Verde, Jeff Daigle, destacou que um dos principais objectivos da embaixada é fortalecer os laços comerciais e económicos entre os dois países, pelo que a assinatura do memorando representa um “avanço entusiástico” relação comercial.
“Estou muito satisfeito que o primeiro memorando de entendimento assinado pela AZEEMSV seja com uma empresa dos Estados Unidos, e espero que o mesmo contribua para o desenvolvimento da economia azul em Cabo Verde, gere emprego e promova a diversificação económica”, declarou o diplomata norte-americano.
De acordo com o projecto, a Clean Islands Energy vai desenvolver, implantar e operar um terminal de combustíveis limpos na Zona Económica Especial Marítima de São Vicente, denominado Cabo Verde Clean Fuels Hub.
O sistema fornecerá bunkering (abastecimento de navio), para navios de carga, cruzeiros e outras embarcações de vários países que passarem por Cabo Verde, armazenamento e transbordo de combustíveis limpos como gás natural liquefeito, amónia, hidrogénio e metanol para abastecer também a África Ocidental.
Para implementar o projecto de forma “mais eficiente e economicamente possível”, o hub começará com uma infra-estrutura flutuante, ou seja, navios-tanque e barcaças de abastecimento e, em seguida, avançará para a instalação em terra.