O Estado investiu perto de 5.500 contos para receber a primeira etapa da regata Globe40, num montante partilhado entre ENAPOR e Ministério do Mar.
Irineu Camacho, presidente da empresa que gera os portos nacionais, justificou o investimento com a possibilidade de crescimento do segmento.
“Este evento vem ajudar no desenvolvimento do nosso mercado e acreditamos que podemos ter aqui uma boa regata”, comentava a 4 de Julho, em declarações à Rádio Morabeza.
A vontade de cimentar a posição de Cabo Verde na agenda mundial de eventos náuticos é um dos eixos da política do governo para o sector marítimo. Em Junho, no Sal, durante o Cabo Verde Investment Forum, o ministro do Mar, Abrãao Vicente, destacou a necessidade de serem construídas as infra-estruturas de base que permitam uma “alavancagem” do potencial já reconhecido, substituindo o modelo de subsidiação pública que tem vigorado.
“[O país] não pode continuar a pagar avultadas quantias para atrair as marcas para Cabo Verde. Tem de ser o contrário. Nós temos que criar as infra-estruturas para transformar Cabo Verde num ponto que essas grandes marcas não possam evitar. Temos de começar a receber verbas para poder organizar essas regatas e essas provas internacionais”, defendeu.
O novo director nacional de Política do Mar, Giliardo Nascimento, acredita que regatas e outros eventos do género podem ajudar a projectar Cabo Verde, colocando-o no mapa deste nicho de mercado.
“É todo um ecossistema que se cria em torno das regatas e que faz com que a economia local ganhe alguma pujança”, observa.
A posição geoestratégica de Cabo Verde, na confluência do Atlântico Norte com o Atlântico Sul, confere ao arquipélago uma vantagem natural, que os responsáveis políticos querem converter em mais-valias.
“Estamos mesmo a meio caminho das grandes rotas dessas regatas. Fora isso, também a Baía do Porto Grande, a sua capacidade de ter uma marina capaz de receber essas grandes regatas, faz com que Cabo Verde seja quase que um candidato a uma paragem obrigatória das grandes regatas que cruzam o Atlântico”, explica.
A pensar na Ocean Race 2023, Mindelo deverá receber investimentos que permitam melhorar as capacidades de acolhimento. Também há projectos e ideias para outras ilhas, como Santiago, Sal ou Boa Vista. A tutela quer envolver as empresas e passar à iniciativa privada a liderança do ‘negócio do mar’
“A Direcção Nacional da Política do mar tem como função a coordenação económica do sector e também a busca de financiamento e apoio ao empreendedorismo em torno do negócio que é o mar. Temos tudo isto para fazer e o Ministério estará na vanguarda desses encontros e dessa motivação, para que os operadores cabo-verdianos possam apoderar-se dessas actividades e fazer negócio com elas”, realça Giliardo Nascimento.
*com Fretson Rocha e André Amaral
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1076 de 13 de Julho de 2022.