De acordo com a mesma fonte, o contrato que formaliza a entrada de Cabo Verde como novo accionista da instituição foi assinado na terça-feira, em Marraquexe, Marrocos, durante a assembleia-geral de accionistas do Africa50, que termina na sexta-feira.
“A adesão de Cabo Verde ao grupo de accionistas desta importante plataforma financeira acontece num período em que o país está a sair de uma grande recessão económica, em resultado da pandemia, a maior em África e nos SIDS [grupo dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento], e em decorrência da nossa forte dependência do setor do turismo”, afirmou a secretária de Estado do Fomento Empresarial, Adalgisa Vaz, que representou o Governo cabo-verdiano na assinatura da adesão do país.
Não foram revelados pelo Governo cabo-verdiano ou pela instituição dados sobre esta operação, sendo que de acordo com a última actualização disponível pela Africa50, Cabo Verde é o único país de língua portuguesa em África naquela estrutura accionista.
A instituição descreve-se como uma “plataforma financeira” que pretende “contribuir para o crescimento de África através do desenvolvimento e financiamento de projectos, catalisando capital do sector público e mobilizando financiamento privado”.
Antes da assembleia-geral que está a decorrer em Marrocos, contava com 31 accionistas, entre os quais 28 Estados africanos, o Banco de Desenvolvimento Africano (BAD) o Banco Central dos Países da África Ocidental e o Banco Al-Maghrib, garantindo estes três, segundo dados de 2020, financiamentos de 878 milhões de dólares.
O arquipélago enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística desde Março de 2020, devido à pandemia de covid-19.
Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do Produto Interno Bruto (PIB), seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística. Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo cabo-verdiano baixou a previsão de crescimento de 6% para 4%.
Para o executivo de Cabo Verde, esta adesão “representa uma importante janela de financiamento que se abre ao país para, junto da África50, agilizar o financiamento de projectos estruturantes para a economia, nomeadamente, aeroportos, portos, projectos no sector energético, água e saneamento, na educação, saúde e tecnologias”.
A África50 aposta no desenvolvimento de infraestruturas no continente, com foco em projectos nas áreas de energia, transportes, tecnologias de informação, saúde ou educação.