Ao Expresso das Ilhas, o presidente da Associação, Gerson Pereira, revela que a ideia do fundo surgiu após o impacto da pandemia nos trabalhadores informais daquela comunidade.
“Estivemos a pensar em alternativas de como poderíamos ajudar essas pessoas a retomar o seu negócio. As peixeiras que às vezes tomam peixe e precisam de um fundo para pagar ao pescador, ou um jovem que precisa de comprar frango para grelhar, entre outros. Foi assim que surgiu o Fundo de Apoio aos Negócios”, narra.
Para a criação do referido fundo, a Associação Kelém em Desenvolvimento conta com o apoio da associação “Nos di Txada i Amigus”, criada por cabo-verdianos residentes nos EUA.
O Fundo de cerca de 385 mil escudos e abrangeu cerca de 70 trabalhadores informais do Kelém e outras comunidades nos arredores.
Segundo Gerson Pereira, o valor mínimo para cada trabalhador informal é de 10 mil escudos, com excepção das vendedeiras de tabuleiro que precisam de um valor menor para o investimento. Neste último caso, o financiamento é de 5 mil escudos.
“Mas, há pessoas que chegaram a receber 20 mil escudos. São valores simbólicos, mas suficientes para um up nos negócios. Muitas vezes a burocracia para tomar grandes valores nas instituições de microcrédito é desgastante. O nosso financiamento é uma alternativa mais fácil e mais rápida e podem pagar 10% por mês. Ou seja, em 10 meses a pessoa consegue pagar o valor que recebeu. Se não conseguir, negociamos e procuramos a melhor forma de pagarem”, diz.
Na hora da devolução, os trabalhadores informais não pagam juros, até porque, conforme destaca Gerson Pereira, a associação não está autorizada a trabalhar como uma instituição de microcrédito.
“Temos casos de jovens que dependiam de familiares e que agora conseguem sustentar os seus negócios. Como por exemplo, um jovem que começou com a grelha de frango e depois conseguiu comprar uma arca, ou ainda peixeiras que antes compravam o peixe fiado, agora conseguem comprar [com dinheiro] à vista. Acreditamos que o objectivo foi alcançado”, afirma.
Gerson Pereira garante que o dinheiro do Fundo de Apoio ao Negócio não entra para a conta da associação e que a cada final do mês quando alguém paga uma parcela, o valor é transferido para outro trabalhador informal.
“É um fundo da comunidade e não entra na conta da Associação. Formamos um ciclo e a cada vez que alguém paga a sua parcela transferimos para uma outra pessoa e assim conseguimos dar oportunidade para todos”, esclarece.